Estudo com dados da PNS 2019 aponta 547.202 casos em adultos e liga esquizofrenia à vulnerabilidade social; especialistas pedem políticas intersetoriais.

O Brasil tem 547.202 adultos com diagnóstico de esquizofrenia, cerca de 0,34% da população maior de 18 anos. O número foi estimado a partir da PNS 2019 em análise de universidades federais.

A pesquisa, com base em 91 mil entrevistas, mostra maior prevalência entre homens de 40 a 59 anos, de baixa escolaridade, residentes urbanos, desempregados e que vivem sozinhos, o que indica forte relação com desigualdade social.

Os autores alertam que a cifra pode estar subestimada, pois não inclui pessoas em situação de rua ou institucionalizadas, e sugerem que a prevalência real seja até 30% maior; conforme divulgado pela FolhaPress.

Perfil e fatores associados

Pesquisadores da Unifesp, USP e UFPR destacam que a esquizofrenia resulta da interação entre predisposição genética e fatores ambientais, como complicações obstétricas, violência e uso de substâncias, mais presentes em áreas urbanas.

Impactos na vida e na saúde

A condição costuma começar no fim da adolescência e reduz a expectativa de vida em até 15 anos. O estudo aponta altos índices de desemprego, pobreza e isolamento entre pessoas com esquizofrenia, afetando famílias e redes de cuidado.

Políticas públicas e recomendações

Os autores, incluindo Ary Gadelha e Raffael Massuda, defendem políticas intersetoriais que integrem saúde, assistência social, educação e emprego para ampliar tratamento, autonomia e reinserção social.

O trabalho foi aceito na Revista Brasileira de Psiquiatria e os pesquisadores planejam apresentar os dados ao Ministério da Saúde para discutir modelos de cuidado e programas de inclusão.