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terça-feira, 24 setembro, 2024 - 13:34 PM
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Pesquisas eleitorais no Brasil | Entre a precisão e a desconfiança

Por: Luiz Carlos de Sousa, discente de Ciências Politicas

Alexis de Tocqueville, no livro “A Democracia na América” (1835-1840), não tratou diretamente das pesquisas eleitorais como as conhecemos hoje, pois essa prática ainda não existia em sua época. No entanto, em sua obra, Tocqueville analisou a importância da opinião pública nas democracias, enfatizando que, em uma sociedade democrática, a maioria tende a exercer grande influência sobre o poder político e a formação das leis. Ele reconhecia o papel essencial da vontade popular e alertava sobre os perigos da tirania da maioria, quando a opinião pública, sem mecanismos adequados de mediação, poderia sufocar as minorias.
Entendo que as observações Tocqueville são precursoras da reflexão sobre a medição e a influência da opinião pública, que, mais tarde, ela levou ao desenvolvimento das pesquisas eleitorais. Carregando ideia de que a opinião da maioria deve ser ouvida e que os governantes devem ser sensíveis aos anseios do povo.

As pesquisas eleitorais, como conhecemos hoje, foram desenvolvidas a partir do trabalho de George Gallup, um estatístico e pesquisador americano. Gallup é amplamente considerado o pioneiro das pesquisas de opinião pública. Em 1936, ele fundou o Instituto Gallup e aplicou métodos científicos para prever o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o que fez com uma precisão impressionante na eleição daquele ano.
Embora Gallup tenha popularizado as pesquisas eleitorais modernas, a ideia de usar pesquisas para medir a opinião pública remonta ao século XIX. Em 1824, foram realizadas as primeiras pesquisas eleitorais nos Estados Unidos, mas sem métodos científicos rigorosos. Gallup revolucionou isso ao introduzir a amostragem probabilística, permitindo que um pequeno grupo de eleitores pudesse representar com precisão o total do eleitorado.
As pesquisas eleitorais estão em constante evolução, novas tecnologias e metodologias são desenvolvidas a cada dia, tornando as pesquisas mais precisas e complexas.
Existem diversas metodologias para realizar pesquisas eleitorais, cada uma com suas vantagens e desvantagens. A escolha do método mais adequado depende de diversos fatores, como o objetivo da pesquisa, o público-alvo e os recursos disponíveis.

É fundamental lembrar que todas as pesquisas eleitorais possuem uma margem de erro. Isso significa que os resultados de uma pesquisa não são uma previsão exata do resultado final de uma eleição, mas sim uma estimativa.
No Brasil não é diferente, como em muitos outros países, as pesquisas às vezes falham em prever com precisão os resultados das eleições por diversos motivos.
No cenário político Brasileiro entendo que as principais razões pelas quais as pesquisas eleitorais podem não ser 100% confiáveis são:
Em ambientes políticos como o Brasil nos últimos anos a Influência da Polarização, levam os eleitores há não declarar suas verdadeiras intenções de voto por medo de julgamento ou estigmatização (o chamado “voto envergonhado”). Isso pode distorcer os dados das pesquisas, especialmente em disputas acirradas.

As intenções de voto podem mudar rapidamente principalmente próximo ao dia da eleição, fatores como: eventos inesperados, debates, escândalos ou a própria campanha podem influenciar a decisão final dos eleitores, e as pesquisas, feitas com antecedência, podem não captar essas mudanças de última hora.

No Brasil, uma parte significativa dos eleitores acabam não votando, mesmo que tenha declarado intenção de voto. As pesquisas geralmente não conseguem prever o impacto da abstenção, o que afeta diretamente os resultados. Além disso, alguns eleitores podem ocultar suas verdadeiras intenções ou decidir na hora, o que torna a previsão mais complicada.
O Voto Volátil e Indeciso, eleitores brasileiros se decidem na reta final da campanha. Esse grupo de indecisos, ou de eleitores que mudam de opinião facilmente, pode ser determinante, e as pesquisas podem não captar essas mudanças de comportamento a tempo.
A Manipulação de Resultados e em alguns casos, acusações de manipulação ou de divulgação seletiva de resultados por parte de institutos de pesquisa ou veículos de comunicação levantam dúvidas sobre a credibilidade de certas pesquisas. Embora isso não seja uma regra, essa desconfiança pode afetar a percepção pública sobre a confiabilidade das pesquisas.

Nas Redes Sociais, circulam Falsas Narrativas sobre as pesquisas, alimentando teorias de conspiração e reforçando a desconfiança. Notícias falsas e desinformação podem amplificar a percepção de que as pesquisas são manipuladas ou imprecisas, mesmo quando as falhas podem ser explicadas por questões metodológicas ou margens de erro.
Outro fator e a Guerra dos Instituto, batalha trava nas ruas para ver quem advinha primeiro, quem acerta, isso entra no portfólio das empresas para vender pesquisa, e ser usados como convencimento, até porque candidatos querem comprar um produto que funciona, mais em muitas vezes compram palpites e dados mascarados.

Essas questões não significam que as pesquisas eleitorais no Brasil sejam inúteis, mas sim que elas têm limitações e devem ser interpretadas com cautela, levando em conta as margens de erro e as condições específicas de cada eleição
As pesquisas eleitorais no Brasil enfrentam desconfiança principalmente devido a erros de previsão, percepção de viés, e influência no eleitorado. A falta de entendimento sobre as margens de erro e a variabilidade nas metodologias contribuem para essas críticas. Pensadores como Carlos Pereira (cientista político), discute que as pesquisas eleitorais são importantes para medir a temperatura da opinião pública, mas aponta que elas têm uma limitação intrínseca na captura do voto volátil e das mudanças de última hora, já Jairo Nicolau (cientista político e autor) é crítico da interpretação equivocada das pesquisas eleitorais. Ele defende que a sociedade e os meios de comunicação precisam compreender melhor as margens de erro e os limites das pesquisas.
É fato que as pesquisas políticas são importantes, mas defendo que uma maior compreensão pública sobre seus limites e uma revisão constante de suas práticas para garantir maior precisão e confiança.

Dessarte, embora as pesquisas eleitorais enfrentem desafios e críticas, elas dificilmente deixarão de existir. Ao invés disso, o caminho mais provável é a sua evolução, tanto em termos metodológicos quanto na forma como são compreendidas pelo público. A confiança pode ser restaurada por meio de mais transparência, inovação nas técnicas de coleta e análise de dados, e uma melhor educação do público e da imprensa sobre como interpretar os resultados. Assim, as pesquisas continuarão sendo uma peça-chave no processo eleitoral e democrático.

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