
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
Eduardo Bolsonaro pode virar “embaixador de Trump”?
Entenda como o filho do ex-presidente pode atuar nos EUA e o que isso representa para a direita brasileira
Por Cláudio Ulhoa
Em tempos de perseguição política escancarada no Brasil, a possibilidade de Eduardo Bolsonaro se tornar uma ponte oficial ou simbólica entre o presidente Donald Trump e o Brasil ganhou força — e não sem razão. Eduardo, que já possui amplo reconhecimento internacional e relacionamento direto com líderes conservadores, aparece como uma figura estratégica para manter viva a articulação da direita brasileira fora das amarras do sistema nacional.
Do ponto de vista técnico, a legislação dos Estados Unidos permite, sim, que um cidadão estrangeiro ocupe cargos honorários ou de representação, desde que não envolvam funções diplomáticas plenas — como a de embaixador, que exige cidadania americana. Porém, ele poderia, por exemplo, ser nomeado como adido, assessor especial ou representante em organismos e fundações ligadas ao trumpismo, com poder de fala e articulação internacional.
Além disso, há cargos de cônsul honorário, atribuídos a pessoas de destaque e confiança, que cumprem funções diplomáticas limitadas, mas com respaldo simbólico e institucional. Embora não tenha imunidade plena, como um diplomata de carreira, Eduardo poderia atuar de forma institucional sem deixar de ser uma voz ativa contra o autoritarismo judicial brasileiro.
O que está em jogo não é apenas um cargo. É a construção de uma narrativa sólida no exterior — um contraponto ao que hoje se impõe internamente por meio de censuras, inquéritos secretos e prisões políticas. Ao permanecer fora do Brasil, Eduardo poderia não só se proteger das arbitrariedades que o cercam, mas também levar ao mundo as denúncias sobre o cerco à liberdade de expressão e ao Estado de Direito em nosso país.
Enquanto muitos tentam desqualificar sua trajetória com apelidos ou ataques pessoais, Eduardo Bolsonaro se mostra preparado para um novo papel: o de elo entre as forças conservadoras globais e o povo brasileiro, que hoje vê seu direito de se manifestar cada vez mais ameaçado.
Se Trump lhe estender a mão, não será apenas um gesto político — será o início de uma nova trincheira pela democracia.