Segunda autópsia revela que Juliana Marins morreu 32 horas após queda
O resultado da segunda autópsia do corpo de Juliana Marins, jovem que morreu após cair de trilha de vulcão na Indonésia, foi divulgado de forma oficial nesta sexta-feira (11/7). Em coletiva de imprensa que contou com os peritos brasileiros que produziram o novo laudo e com a família da vítima, foi confirmado que a publicitária morreu 32 horas depois da primeira queda, ocorrida no dia 20 de junho conforme o horário local.
De acordo com os especialistas, a análise brasileira, solicitada pelos familiares, confirma o que havia sido atestado pelos legistas indonésios. O resultado do novo exame do cadáver, sigiloso e de responsabilidade da Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi vazado à imprensa na última quarta (9/7). A divulgação não permitida é investigada pela Polícia Federal.
A brasileira caiu cerca de 220 metros até um paredão rochoso do Monte Rinjani, conforme aponta cronologia estimada pela autópsia. Apesar de o primeiro resgate ter saído da base do parque quatro horas após a primeira queda, a irmã de Juliana, Mariana Marins, explica que a equipe desceu apenas 150 metros de rapel.
Imagens de um drone térmico de dois dias depois mostraram que a publicitária ainda estava viva àquele momento. Pouco tempo depois, porém, conforme atesta o laudo, escorregou de costas por mais 60 metros e sofreu nova queda, que provocou hemorragia interna resultante de lesões poliviscerais e politraumatismo.
Ela morreu entre 10 e 15 minutos depois desse segundo baque, por volta das 12h do dia 22 de junho, dois dias após o acidente. Depois da morte, o corpo deslizou até o ponto em que foi encontrado, no dia 24, a 650 metros de onde Juliana havia caído. O resgate ocorreu no dia 25.
As dificuldades para realização do exame cadavérico foram relatadas por peritos na entrevista desta sexta. Entre elas, o fato de o corpo de Juliana estar embalsamado — ou seja, preservado para impedir putrefação durante a viagem da Indonésia até o Rio de Janeiro — comprometeu parte das análises.
“Foi uma autópsia totalmente contaminada no sentido técnico”, afirmou o perito Reginaldo Franklin, conforme replica a Agência Brasil. “Os órgãos já estão praticamente sem sangue, pálidos, e naturalmente se fez necessário um processo de embalsamamento com formol. Tem um prejuízo, mas o formol possibilitou conservar as lesões externas e os órgãos internos.”
O horário da morte da publicitária foi determinado por meio de vestígios presentes no couro cabeludo. Aparelho de radiologia verificou, também, fraturas nas costelas, no fêmur e na pelve, com sangramento intenso.
A irmã Mariana Marins criticou a demora no trabalho das equipes de resgate durante o processo de socorro. Para ela, se as ações tivessem sido mais rápidas, a irmã poderia ter sido salva.
“Estávamos esperando esse momento do laudo”, revelou. “Agora, vamos ver o que fazer. Só de o Basarnas (instituição nacional de resgate da Indonésia) ter sido chamado um período longo depois do acidente já é algo a ser considerado. Já sabiam que era um acidente grave. E estavam sem o equipamento correto para chegar até o local. São vários pontos a serem considerados.”
“Na esfera cível, a família tem possibilidades efetivas de procuração na própria Indonésia em relação a indenização por dano moral”, esclareceu a defensora pública federal Taísa Bittencourt. Ela mencionou, também, a possibilidade “de levar o caso para uma comissão de direitos humanos da ONU”.
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