Mostra descortina 100 anos de História do Brasil e do GLOBO, a partir de imagens do acervo do jornal
A imagem é de 14 de janeiro de 1980. Na porta da sede do GLOBO, uma multidão de estudantes interrompe o trânsito na rua à espera da edição extra do jornal com a lista de aprovados do vestibular. Assinante do GLOBO há cerca de duas décadas, Denise Romanelli deixa escapar uma exclamação involuntária, junto ao marido Giovanni Romanelli, depois de avistar a foto numa das paredes da exposição “Um século de histórias”, aberta ao público na sexta-feira (10) na Casa Roberto Marinho, no Cosme Velho, na Zona Sul carioca. Ela diz que até hoje mantém no armário de casa a tal publicação que traz seu nome entre a seleção de alunos admitidos para o curso de Matemática da UFRJ, onde se formou.
— Eu fiz exatamente isso no ano de 1980 — empolga-se a carioca de 62 anos, ao apontar para a imagem clicada pelo fotojornalista Sebastião Marinho. — Fiquei a postos na banca de jornal, ansiosa, esperando sair esta edição extra do GLOBO. E guardei para sempre este jornal.
Panorama do último século, a mostra — em cartaz até 10 de agosto — celebra o centenário do GLOBO com um apanhado de 213 fotografias que rechearam as páginas do jornal ao longo desse período.
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De 1925 a 2025, fatos corriqueiros — como o dia a dia de trabalhadores em meio ao transporte público na capital fluminense — e acontecimentos de impacto abrangente no planeta, entre os quais o atentado às Torres Gêmeas, em 2001, e a pandemia de Covid-19, desvelam novos olhares para a História.
— Acho interessante comparar o que foi notícia há cem anos e o que entrou para a História. Há fatos que ganham notinhas de rodapé e, depois, assumem grandes proporções. E tem o contrário: às vezes, o que era “gigante”, cem anos atrás, de repente passou e não é mais nada. Está aí a bonita relação entre notícia e História, né? — analisa o estudante de Medicina Jorge Alexandre, de 35 anos, outro leitor do GLOBO que esteve na mostra.
Velhas e novas gerações
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Assinante do jornal há mais de 20 anos, o aposentado Fernando Isler, de 75, se surpreendeu com registros raros, como uma imagem da então “nova” pista ligando a Avenida Rui Barbosa à Praia do Flamengo, no Rio, em 1965, num trecho próximo ao Morro da Viúva. Outra pérola histórica, logo na entrada da mostra, é um retrato de Lampião com uma edição do GLOBO nas mãos, em 1937.
— Na minha idade, dá para imaginar o que significa ver essas imagens antigas. É uma volta no tempo — discorre Fernando, ao apontar para uma seção que reúne enquadramentos preciosos de figuras célebres da cultura, como Caetano Veloso, Raul Seixas, Amy Winehouse, Pelé, Gal Costa…
A estudante Thauany Andrade, de 18 anos, se deteve por instantes mais demorados nesta parte. Era a primeira vez que via, por ângulos e tempos inéditos, alguns ídolos.
— Olha só a Fernanda Montenegro mais nova! E dá para ver que a Fernanda Torres hoje é mesmo a réplica da mãe — brincou a jovem, ao lado da tia, a enfermeira Neide Ane Andrade, de 40 anos, ao indicar uma foto de 1973 em que a artista aparece ao lado do marido, Fernando Torres, e dos filhos, Claudio e Fernanda.
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Na quinta-feira (10), na abertura para convidados, o prefeito Eduardo Paes (PSD) falou sobre a estreita relação que cultiva com o jornal. Além dele, estavam presentes o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere (PSD); o deputado federal Pedro Paulo (PSD); o presidente do Grupo Globo, João Roberto Marinho; o vice-presidente do Grupo Globo, José Roberto Marinho; e o diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho.
— É um hábito, leio diariamente. É a primeira coisa que faço quando acordo, e, quando durmo mais tarde, leio ainda de madrugada, no aplicativo, assim que as páginas baixam — comentou Paes, conferindo de perto as reedições impressas de capas icônicas de exemplares antigos, entregues como brindes a todos os visitantes (os papéis reeditam manchetes de 1969, com a chegada do homem à Lua; de 1958, com a primeira vitória do Brasil na Copa do Mundo; e de 1925, no dia 29 de julho, quando o GLOBO fez sua estreia).
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Durante a abertura para convidados, o editor-executivo André Miranda detalhou o processo de seleção das fotos, antes de comandar uma visita guiada:
— Havia muitos recortes possíveis, dentro de um período tão longo como um centenário. Então tentamos encontrar formas que mostrassem como a História do Brasil se mistura à do jornal. E de que maneira, sempre a partir de um espírito inovador, o jornal cresce e prospera junto ao país — explicou.
Além de Miranda, a seleção das imagens e de todo o material reunido na exposição foi feita por um conselho curatorial que contou com o diretor de Redação Alan Gripp, o editor-executivo Visual Alessandro Alvim, o editor de Fotografia André Sarmento, o editor de Acervo William Helal Filho e os editores Mànya Millen e Pedro Tinoco.
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