Romeu Benedicto fala sobre destaque em “Guerreiros do Sol”, da Globo
Depois de viver Anacleto, o chefe dos peões na primeira fase do remake de “Pantanal”, Romeu Benedicto volta às novelas para interpretar Tonhão em “Guerreiros do Sol”, produção exibida pelo canal Globoplay Novelas e pelo streaming Globoplay.
“Tonhão é um militar aposentado. Pai de família da década de 30, um homem de opinião forte, patriarca. Uma tragédia em sua vida o leva a obsessão por vingança, ódio e justiça. Sua entrada na novela dá início a uma das fases mais quentes da história, o start a guerra partir dali, é obsessão e vingança”, ressalta Benedicto.
O personagem chega na novela quando a história já quente e Romeu teve que se preparar para dar o tom e o peso necessários para a continuidade do clima e ritmo logo na sua primeira cena. Para isso, lembrou de seu trabalho em “Cordel Encantado”.
“Eu já tinha afinidade com o povo e sotaque nordestino, por causa do Jacinto de “Cordel Encantado”, novela de Duca Rachid e Thelma Guedes. “O povo nordestino tem um espirito bem parecido ao cuiabano, da minha Terra Natal, os traços culturais fortes, o amor pela sua cultura, a luta pelo não estereótipo. E ainda, pra esse papel em específico, me aprofundei mais ainda no universo do cangaço brasileiro, estudei as vidas das pessoas na época, como viviam, vi vídeos de depoimentos de ex-cangaçeiros, ex-volantes, vitimas, pessoas que foram raptadas pelos cangaceiros, mantive contato com pessoas estudiosas do cangaço, estudei prosódia, conversei muito com nordestinos da região. Além de decupar o texto, tive tempo, fiquei só em um apartamento próximo aos estúdios da TV Globo, pra facilitar a ida às gravações”, revela.
Além de Irandhir Santos, Romeu contracena com atores como Luiz Carlos Vasconcelos, Marcio Vito, Pedro Wagner, Renato Livera, Aline Moraes, Thomas Aquino, Ítalo Martins, Enio Cavalcante entre outros, e revela como foram os dias de gravação no sertão.
“Foi um desafio imenso. O maravilhoso do nosso trabalho é que vamos a lugares incríveis e conhecemos pessoas incríveis e que em cada trabalho SOMOS TRANSFORMADOS. O Sertão profundo faz isso, é um lugar de muita dureza, muita força que emana daquele chão, é uma forja, pessoas de traços bem marcados pelo tempo árido, escaldante, seco, mas que carregam uma espirituosidade impressionante em como encaram a vida naquele lugar e entrar em contato com essa força é transformador. E como personagem, absorvemos toda essa atmosfera, toda a carga de energia de tudo que se passou naquele chão, de todo o sangue que já foi derramado e somos tomados por isso, que vai tornando orgânico dentro de nós e que somado a história da personagem, só potencializou o Tonhão. Não tem como retratarmos o sertão e seus personagens, sem nos misturarmos a ele e todos os seus mistérios e durezas, que refletem no olhar, no jeito de ver as coisas e na forma de reagir as situações que a vida impunha à época”, diz.
O ator de 59 anos ainda fala mais sobre o clima dos bastidores da trama que foi gravada durante oito meses no ano de 2023.
“O clima era de afeto e generosidade entra os atores, direção e toda equipe, pois todos estávamos juntos, passando pelos mesmos perrengues, sujeitos ao mestre de tudo: o tempo, a natureza, era ela quem ditava o ritmo das gravações, chegamos a ficar três dias parados em função do tempo que de repente fechou, em pleno Sertão, parecia Londres. E tempo é dinheiro, toda uma equipe em hotel, refeições, transportes, equipamentos, locações, tudo parado, não foi fácil. Porque sabíamos que a hora que o tempo limpasse, o ritmo ia ser ainda mais frenético (rs) e foi. Porém trabalhamos todos juntos e o resultado pode ser visto agora”, conta.
O cuiabano nascido em Mato Grosso já tem mais de 30 anos de carreira e durante esse tempo já fez papéis que o marcaram no audiovisual. Na Globo participou de “Da Cor do Pecado”, “Começar de Novo”, “Belíssima”, “Duas Caras”, “Fina Estampa”, “Malhação”, além de viver Jacinto em “Cordel Encantado” e Anibal em “Deus Salve o Rei”. Porém, uma experiência em especial o fez ficar bem nervoso durante as gravações.
“Eu sempre acho que o mais importante é o que estou fazendo no momento, destaco o Jacinto de “Cordel Encantado” que teve uma trajetória bonita na trama. Porém o que não esqueço foi minha primeira participação na Globo, de cara com Stenio Garcia e Antônio Fagundes em “Carga Pesada”, confesso, fiquei bem nervoso (rs). Depois dela fiz outra, mas aí já era de casa (rs)”, ressalta.
Além da TV, Romeu, dedica tempo ao teatro, onde destaca dois monólogos na sua carreira.
“Destaco ‘Belarmino e o Guardador de Ossos’, monólogo baseado no conto de Ricardo Guilherme Dicke, apresentado em Cuiabá, Chapada dos Guimarães, que fez turnê pela Europa (Lisboa, Palmela, ambos em Portugal; Zagreb e Maputo), além de se apresentar em Curitiba na 20ª Mostra Contemporânea de Teatro. Era uma peça feita ao ar livre, sempre à beira de um lago e o público era pego em algum lugar da cidade e conduzido em ônibus lacrado até o território de Belarmino. Além disso, o ator destaca o seu monólogo chamado “Serafim” que fez duas temporadas durante o ano de 2005”, revela.
Benedicto começou a trabalhar com as artes durante o seu ensino médio.
“Foi acontecendo, não programei, demorei bastante pra encarar a arte como profissão. Meu pai sempre falava: Isso aí não enche barriga de ninguém (rs), era aquela coisa, tinha que me formar e ter uma profissão. Me formei em Direito, mas decidi mesmo seguir carreira artística, foi bem difícil, inclusive a aceitação em mim mesmo. Meu envolvimento com as artes começou antes disso, foi no ensino médio, quando tinha 16 anos, interpretei o Diabo de “O Alto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, a partir dali fui sendo incentivado por professores de Teatro a continuar”, complementa.
Antes de seguir na carreira, Romeu já trabalhou em várias frentes com o pai e com os irmãos.
“Já trabalhei em madeireiras, como plantador de gramas em empresa de jardinagem com meu irmão Roberto, para engrossar a renda eu e meu irmão de criação, o Dito, vendíamos coco e mangas em um carrinho de mão. Meu pai tinha um sitio e eu ia pra lá ajudá-lo a fazer cerca de arame farpado e campear gado, íamos atrás de bois desgarrados, andava em pelo no cavalo, era uma aventura (rs). Quando criança, e até de adulto, pedia para meu pai contar suas histórias da Segunda guerra mundial, e imaginava como era pra um homem simples, roceiro, atravessar os oceanos e ter que matar para sobreviver e passar pelas atrocidades de uma guerra”, revela.
O ator é também um defensor da natureza e já esteve presente em momentos críticos para salvar a fauna e a flora brasileira.
“Em Matogrosso sou ávido defensor do Pantanal e dos nossos rios, estive presente no maior incêndio já visto em 2020, salvando animais queimados e levando água e comida para os bichos com os voluntários”, conta.
No audiovisual, além de “Guerreiros do Sol”, o artista tem novos projetos já engatilhados que vão estrear no streaming.
“Estou no elenco da 4ª temporada de “Arcanjo Renegado”, do Globoplay, onde dou vida ao ex-policial Cristino Monteiro, e também estarei em “Os Donos do Jogo”, da Netflix, onde faço o Deputado Mandele Neto”, completa o ator.
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