Liderança ambiental e a pressão sobre o Brasil

Publicado em: 14/07/2025 06:44

O Brasil começou 2025 com compromissos na agenda de governança global, especialmente no que diz respeito ao meio ambiente. Em novembro, o país terá a responsabilidade de sediar a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). O evento de importância mundial será em Belém (PA), e a cada dia sua relevância aumenta diante do cenário de extremos do clima. No último dia 6, durante a 17ª Reunião de Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, as lideranças reunidas destacaram, na Declaração Final, que os integrantes do grupo devem se unir em torno do tema e cooperar pela promoção de soluções aos desafios ambientais.

No documento chancelado pelos 11 membros permanentes, reforçou-se o reconhecimento de entendimentos como o Acordo de Paris — tratado internacional, adotado em 2015, na COP21, com o objetivo de combater as alterações climáticas por meio da redução de emissões de gases de efeito estufa — e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que visa estabilizar as concentrações na atmosfera.

Mas um ponto fundamental neste momento, visto a urgência do avanço nas decisões internacionais, foi a manifestação de apoio do Brics à pauta brasileira no encontro em Belém. Os países endossaram o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), proposto pelo Brasil. “Saudamos os planos para lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre em Belém, na COP30, e o reconhecemos como um mecanismo inovador concebido para mobilizar financiamento de longo prazo, baseado em resultados, para a conservação de florestas tropicais. Encorajamos potenciais países doadores a anunciarem contribuições ambiciosas, de modo a garantir a capitalização do fundo e sua operacionalização em tempo hábil”, aponta o texto.

O Brics também cobrou que as nações mais ricas ampliem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos — chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão — exalta a necessidade de atingir esse valor até a conferência, em novembro. Mais uma vez, a defesa de capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países ficou evidenciada. Ao mesmo tempo, a preocupação da Cúpula de Líderes refletiu o que o planeta vem enfrentando em escalada.

Com o alarmante aquecimento climático, o fim das discordâncias sobre o investimento para mitigar os efeitos de desastres consumados e evitar que novos aconteçam não pode mais esperar. Os sinais deixados pelo encontro do Brics apontam que a jornada da COP30 será extremamente desafiadora — principalmente com as diplomacias envolvidas em questões bélicas e conflitos econômicos —, exigindo uma condução eficiente para que o fracasso da edição anterior, no Azerbaijão, não se repita.

O embate em torno do dinheiro — assim como as discussões sobre o mercado de carbono, o uso de energia limpa e outras discordâncias históricas — não é novidade. Nesse campo, a defesa do emprego de capital privado, em um modelo de financiamento misto, ganha adeptos, porém tem de ser estabelecido com ampla transparência. Como anfitrião da COP30, o Brasil tem o papel de convocar governos e setores diversos para pensar a melhor maneira de se estabelecer um alinhamento capaz de oferecer à natureza respostas sustentáveis depois de tanta exploração indevida.

 



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