O presidente americano expôs um Brasil vulnerável e sem estratégia

Publicado em: 16/07/2025 21:01

O sonolento Brasil foi sacudido em seu berço esplêndido mas o pesadelo mal começou. A brutal pressão desencadeada por Donald Trump tem aspectos específicos intratáveis, como a imposição de tarifas para interferir na politica doméstica. Simplesmente inaceitável.

O presidente Lula e o presidente dos EUA Donald Trump se enfrentam sobre a taxação de produtos brasileiros

Brazil’s President Luiz Inacio Lula da Silva attends the swearing-in ceremony of the new ministers of Health, Alexandre Padilha, and of the Secretariat of Institutional Relations, Gleisi Hoffmann, at the Planalto Palace in Brasilia on March 10, 2025. Padilha replaces Nisia Trindade and Hoffmann replaces Alexandre Padilha. (Photo by EVARISTO SA / AFP) Foto: Alex Brandon/AP; Evaristo Sá/AP

Ainda mais preocupante, porém, é a exposição do grau de vulnerabilidade geopolítica de um país tão grande e, do ponto de vista geográfico, tão afastado do principal eixo de conflito. O fato do Brasil estar encurralado e com poucas opções vem do fato de que pensamento estratégico, planejamento e defesa nacional nunca ocuparam lugar central no debate político.

Além de sempre acabar sendo um grande problema quando em matéria de relações externas dirigentes políticos dão prioridade ao simbolismo em vez de estratégias articuladas. É o que está acontecendo agora. “Defesa da soberania” virou um jargão de marketing de um governo apegado a frases de efeito desprovidas de ações de efeito prático (que ele nem sabe quais seriam eventualmente).

Boquirrotos irresponsáveis como Lula e Bolsonaro tem cada um a seu modo uma boa dose de “culpa” na delicada situação que o País enfrenta agora, embora a trombada fosse bastante previsível (não era isso o que se queria, especialmente nos arredores de Lula, o fim da “pax americana”?). Mas a questão principal é uma falha de elites políticas e econômicas.

Meio século atrás ainda se discutia a ideia (furada ou não é outra questão) de um “Brasil potência”, e a Guerra Fria obrigava a se examinar qual lado (ou nenhum lado) se deveria escolher. Pode ser que a globalização, o boom das commodities e o “fim da história” (o triunfo de um sistema), coincidindo com redemocratização, tenham moldado essa modorrenta mentalidade nacional de que o mundo lá fora é distante e pouco nos afeta.

O fato que a brutalidade trumpista expõe agora é a ausência de um “projeto nacional” ou sequer de impulsos para discutir esse tipo de coisa no Brasil. É agora que se conhece os efeitos negativos de posições ideológicas afastadas do interesse nacional, como foi o caso da política externa de Lula desde seu primeiro mandato. Ou quando um mandatário como Bolsonaro resume seu pensamento na frase “eu amo Trump”.

Deixada entregue a si mesma, a notável estagnação na política brasileira e seu “consórcio” para governar parecia imutável. A sacudida proporcionada por Trump não vai mudar o comportamento do STF, ajuda mas não salva o governo Lula de sua profunda mediocridade, não tira Bolsonaro da cadeia nem resolve nossa questão fiscal.

Mas está nos obrigando a perguntar, de verdade, que País é este?


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