Morte de streamer: Jogadores do PSG e Marseille estariam em transmissão
Dois jogadores de futebol foram mencionados em uma polêmica transmissão ao vivo que terminou com a morte do streamer francês Raphaël Graven, conhecido na internet como Jean Pormanove ou JP. O criador de conteúdo, de 46 anos, foi encontrado morto em sua casa, perto de Nice, na última segunda-feira (19).
Segundo o jornal francês Le Parisien, o atacante do Paris Saint-Germain Bradley Barcola e o ex-jogador do Olympique de Marselha Pierre-Emerick Aubameyang apareceram em vídeos transmitidos pouco antes da morte. De acordo com os diários Libération e L’Équipe, as participações ocorreram a partir da 270ª hora da chamada “maratona” de lives, realizada na plataforma Kick, cujo objetivo era arrecadar 40 mil euros em doações.
Nos registros, Aubameyang incentiva os participantes a “ligarem os cérebros para terminar o jogo”, em referência à meta financeira. Logo depois, um vídeo de Barcola foi exibido com mensagem de apoio: “Muita força para o desafio, estamos todos com vocês, sabemos que vocês conseguem”.
Repercussão e defesa dos atletas
A presença dos jogadores no evento gerou questionamentos, principalmente após denúncias de que Graven teria sofrido maus-tratos severos durante os desafios online.
A equipe de Barcola reagiu com firmeza, negando qualquer envolvimento. Em nota, representantes do atleta afirmaram que a gravação em que aparece foi feita no início de agosto e que o vídeo foi transmitido sem autorização. “Bradley não estava presente ao vivo naquela noite”, ressaltaram. Já Aubameyang preferiu não se pronunciar até o momento.
Resultado da autópsia
As investigações avançaram com a divulgação do laudo médico, apresentada na quinta-feira (22) pelo procurador de Nice, Damien Martinelli. Segundo ele, a autópsia afastou a hipótese de crime. O corpo não apresentava lesões traumáticas significativas, apenas hematomas leves e marcas antigas já cicatrizadas.
“As prováveis causas da morte parecem ser médicas e/ou toxicológicas”, disse Martinelli, que solicitou exames complementares. O procurador também informou que Graven poderia ter sofrido de problemas cardíacos e realizava tratamento para doença na tireoide.
As conclusões contradizem boatos divulgados pela imprensa francesa, que apontavam que o streamer teria morrido após “dez dias de tortura”, submetido a privação de sono e consumo de substâncias nocivas.
O lado obscuro das transmissões
A tragédia chamou a atenção para um fenômeno apelidado de “streams de humilhação”, em que criadores de conteúdo aceitam desafios abusivos em troca de doações. Relatos apontam que Graven era submetido a agressões físicas, como tapas, estrangulamentos e até alimentação forçada, durante transmissões comandadas pelos influenciadores Owen Cenazandotti e Safine Hamadi.
De acordo com jornais locais, a live que antecedeu a morte arrecadou mais de 31 mil libras (cerca de 35,8 mil euros) em doações de espectadores que incentivaram os abusos.
Reações oficiais
Diante da repercussão, a Kick, plataforma responsável pelas transmissões, anunciou o banimento imediato de todos os envolvidos e afirmou que vai revisar o conteúdo produzido em francês.
A ministra francesa para Assuntos Digitais, Clara Chappaz, classificou o episódio como um “horror absoluto” e cobrou que empresas de tecnologia reforcem medidas de proteção a criadores considerados vulneráveis.
Enquanto autoridades aguardam os resultados dos exames toxicológicos, a morte de Graven continua a provocar debates sobre os limites da interação online e os riscos de formatos extremos de entretenimento digital.
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