Casa Branca ameaça e fala de uso de “poder militar” contra Brasil
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta terça-feira (9) que o presidente Donald Trump aplicou tarifas e sanções contra o Brasil para proteger a “liberdade de expressão” e que o país não terá medo de usar o “poder econômico e militar” para defendê-la.
A declaração foi dada em resposta a uma pergunta durante entrevista coletiva. Leavitt foi questionada se os Estados Unidos preveem mais sanções ao Brasil em razão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) e também a outros países da Europa que estariam censurando a liberdade de expressão, segundo o jornalista.
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil republicou um vídeo com a resposta completa de Leavitt no X (ex-Twitter), mas na mensagem que acompanha o post, não escreveu o trecho em que a porta-voz fala sobre o uso de poder militar.
A porta-voz afirmou que a liberdade de expressão “é a questão mais importante do nosso tempo” e que Trump enfrentou censura para retornar à Presidência e leva essa questão a sério. “É por isso que tomamos ações significativas em relação ao Brasil, na forma de sanções e também utilizando tarifas, para garantir que países ao redor do mundo não punam seus cidadãos dessa forma”, disse a secretária de Imprensa.
Leavitt disse que Trump está protegendo os interesses do país no exterior e no próprio EUA. “Então, não tenho nenhuma ação adicional para antecipar para vocês hoje, mas posso dizer que esta é uma prioridade para a administração, e o Presidente não tem medo de usar o poder econômico e o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, concluiu.
A declaração é dada no momento em que o STF (Supremo Tribunal Federal) julga Bolsonaro e outros sete réus acusados de uma articulação para impedir a posse de Lula na Presidência.
O jornalista que questionou Leavitt, Michael Shellenberger, diz nas redes sociais ser um defensor da liberdade de expressão e costuma publicar conteúdos ligados ao Brasil. Ele publicou recentemente uma nova leva de mensagens que incluem diálogos de Moraes com ex-assessor Eduardo Tagliaferro para tentar denunciar posturas controversas do ministro nos processos que miram Bolsonaro.
Apesar da declaração de Leavitt, pessoas com acesso ao governo americano avaliam que a porta-voz quis fazer uma defesa contundente da liberdade de expressão e recorreu à retórica, de que os EUA usarão tudo em seu poder para isso. Mas isso não significa, porém, que o país considere usar a força militar contra o Brasil.
Está no radar dos americanos, no entanto, ações e declarações contra militares brasileiros, segundo uma pessoa com conhecimento das discussões. Integrantes das Forças Armadas seriam considerados por membros do governo Trump como silentes diante do que veem como atos de censura.
Já a parte que trata do uso de poder econômico usado por Leavitt não só já foi usada na aplicação de tarifas de 50% a produtos brasileiros e ainda pode ser ampliada. Trump ainda considera aplicar tarifas secundárias ao Brasil pelo fato de o país importar diesel da Rússia, como já fez com a Índia, impondo 25% a mais de sobretaxa.
Aliados de Bolsonaro ainda esperam outras sanções dos EUA com a provável condenação do ex-presidente nesta semana. Há a expectativa de que haja uma nova leva de cassação de vistos. Os americanos podem aguardar o fim do julgamento, previsto para terminar no final da semana, para aplicar novas punições.
Também nesta terça, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil replicou uma mensagem do governo Trump com críticas a Moraes no momento em que ele dava seu voto no julgamento de Bolsonaro.
“Dia 7 de setembro marcou o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi um lembrete do nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça”, afirmou a representação americana num post do X.
“Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais -continuaremos a tomar as medidas cabíveis.”
A mensagem havia sido originalmente publicada nesta segunda (8) pelo subsecretário para Diplomacia Pública do Departamento de Estado -equivalente ao Ministério das Relações Exteriores-, Darren Beattie.
No domingo (7), apoiadores de Bolsonaro levaram bandeiras dos EUA à manifestação em favor do ex-presidente na avenida Paulista, em São Paulo.
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