Megaexercício militar da Rússia eleva tensão com a Otan

Publicado em: 12/09/2025 15:09


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia iniciou com a Belarus nesta sexta-feira (12) um megaexercício militar que, apesar de ser uma manobra anual conhecida, ocorre dois dias depois que drones do Kremlin violaram o espaço aéreo da Polônia, elevando ainda mais a tensão com a aliança Otan.

O premiê polonês, Donald Tusk, chamou o Zapad (Ocidente, em russo) uma ação “muito agressiva” perto de suas fronteiras e de outros membros da aliança militar liderada pelos Estados Unidos, como os Estados Bálticos e os novos integrantes do clube, Finlândia e Suécia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que as preocupações europeias são “emoções resultantes de hostilidade contra a Rússia” no contexto da Guerra da Ucrânia. Ele reiterou que as manobras são de natureza defensiva, e nesta semana o presidente Vladimir Putin havia dito que não tem intenção alguma de atacar a Otan.

Desde 2009, o Kremlin promove exercícios gigantes de forma rotativa entre seus principais distritos militares. Há o Zapad, o Vostok (Leste), o Kavzak (Cáucaso) e o Tsentr (Centro), quase sempre com a participação de aliados como a China, o Irã e Belarus.

O Zapad é o mais sensível de todos por ocorrer junto às fronteiras, águas e espaço aéreo da Otan. Em 2021, ele foi enorme, com 200 mil homens, e parte do seu treinamento foi visto como um ensaio para a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano seguinte -parte dos militares mobilizados nem chegou a voltar para casa.

Neste ano, até pelo emprego de forças no país vizinho, a escala do Zapad foi reduzida. Como ainda é membro da Organização para Segurança e Cooperação na Europa, a Rússia precisa notificar quaisquer exercícios militares com mais de 9.000 soldados, e a partir de 13 mil tem de convidar observadores externos.

A saída para driblar isso e confundir analistas sobre o real tamanho das manobras sempre foi picar os exercícios em dias e teatros de operações diferentes. Com a guerra, deixou até de ser uma questão, então pouco se sabe dos detalhes operacionais agora.

Segundo o Ministério da Defesa de Belarus, haveria cerca de 6.000 soldados operando em seu solo, de ambos os aliados, que formam um aliança chamado Estado da União -na prática, desde que Putin auxiliou o ditador Aleksandr Lukachenko a acabar com a revolta iniciada após mais uma vitória fraudulenta em eleição em 2020, o vizinho virou uma espécie de vassalo do Kremlin.

Inicialmente, Belarus, que está em processo de aproximação com os EUA de Donald Trump, disse que evitaria manobras perto das fronteiras ocidentais. A Polônia inclusive fechou as suas com o país, por via das dúvidas.

Mas também saiu de lá a confirmação do que todos sabem, mas ninguém confirma: a culminação do Zapad, que simula a repulsa de uma invasão e a reconquista de territórios, será um exercício de ataque com armas nucleares táticas, aquelas que teoricamente são empregadas apenas em campo de batalha de forma mais limitada.

Pelo vídeo divulgado pela Defesa russa nesta sexta, a mobilização é multimeios: há imagens de navios e submarinos das frotas do Norte e do Báltico indo ao mar, tanques, infantaria, helicópteros e até a decolagem de um bombardeiro estratégico Tu-160.

O Zapad acaba na terça (16), garantindo um fim de semana de tensões elevadas. Nesta sexta, a Otan irá divulgar as medidas que tomará em resposta à incursão da quarta (10), que Moscou disse não ter sido intencional, sugerindo que os drones se perderam durante um mega-ataque à Ucrânia.

Pode ser, mas o fato é que o episódio testou a rapidez de mobilização da Otan, que enviou caças holandeses para ajudar os poloneses a derrubar um número incerto de aparelhos. Ao todo, Varsóvia contou 21 drones invasores.

Em entrevista à Fox News, o chanceler Radoslaw Sikorski afirmou que “é difícil de acreditar” que a ação tenha sido acidental. Ele aproveitou para se queixar dos EUA, já que Donald Trump fez comentários evasivos sobre o caso, apenas dizendo “não estar feliz” com o ocorrido e que “pode ter sido um erro” da Rússia.

“Nós devemos ter sanções, mas no lugar delas tivemos o Alasca”, afirmou Sikorski, em referência à recepção pomposa que Trump ofereceu a Putin no gélido estado no mês passado.

 

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