Ex-rede, ex-verde e agora quase ex-petista, Leandro Grass se agarra ao Iphan enquanto o partido finge que ele não existe

Por Cláudio Ulhoa

Leandro Grass protagonizou um espetáculo digno de novela mexicana ao entrar no PT. Fez discurso apaixonado, agradeceu a Lula como se fosse o salvador de sua vida política e acreditou que, dali em diante, seria o novo príncipe vermelho do Distrito Federal. Pois bem: meses depois, o conto de fadas virou piada. O PT em Brasília o ignora com a mesma naturalidade de quem passa por um objeto velho na sala e nem percebe. Lula, aquele padrinho adorado, finge que nunca ouviu falar do tal afilhado.

Hoje, Grass sobrevive no cargo de presidente do Iphan. Convenhamos: há uma ironia perversa nisso. O órgão existe para preservar relíquias e patrimônios esquecidos pelo tempo. Nada mais apropriado, Grass é exatamente isso dentro do PT, uma peça decorativa que ninguém toca, ninguém visita e que só serve para preencher espaço.

De herdeiro promissor a peso morto, sua trajetória virou exemplo clássico da política: quem entra batendo palmas para Lula acaba saindo com o eco do silêncio do partido. Grass, outrora inflamado, agora é apenas mais um figurino no armário petista. E, convenhamos, no museu da política, poucos objetos envelhecem tão rápido.