
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
Governo Lula à beira do colapso fiscal | cortes, dívidas e descrédito
Crescimento dos gastos obrigatórios, aumento de impostos e perda de credibilidade no mercado revelam um país à beira de nova crise econômica
O Brasil volta a conviver com os fantasmas de uma crise fiscal. Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o país enfrenta um cenário de alerta máximo nas contas públicas: cortes em programas essenciais, aumento da dívida e desconfiança do mercado em relação à capacidade do governo de manter o equilíbrio fiscal. A própria equipe econômica admitiu que, a partir de 2027, o Estado poderá não ter recursos suficientes para cumprir os pisos constitucionais de saúde e educação, o que representa um risco direto à prestação de serviços básicos.
Nos últimos meses, o Ministério da Fazenda anunciou o congelamento de mais de R$ 1 bilhão no orçamento federal por falta de arrecadação, expondo um rombo que o governo tenta compensar com aumento de impostos, uma medida vista por economistas como paliativa e insuficiente. Enquanto isso, setores estratégicos, como universidades e agências reguladoras, sofrem com a redução de repasses, ao mesmo tempo em que o governo mantém gastos questionáveis, como a renovação da frota de veículos do Tribunal Superior do Trabalho, avaliada em mais de R$ 10 milhões.
Os especialistas alertam que a situação se agrava com o avanço das despesas obrigatórias, que já consomem cerca de 90% do orçamento, deixando espaço mínimo para investimentos em infraestrutura, pesquisa e programas sociais. A previdência, sozinha, deve crescer R$ 600 bilhões nos próximos 15 anos, pressionando ainda mais o caixa público. Diante desse quadro, a Instituição Fiscal Independente (IFI) prevê que, se nada mudar, a máquina pública poderá entrar em colapso até 2029, não por um apagão súbito, mas por uma paralisação gradual, à medida que os recursos se esgotam.
A perda de credibilidade do governo Lula no mercado financeiro agrava o problema. Investidores já não confiam nas promessas de ajuste, e a percepção é de que o Executivo perdeu o controle sobre a política fiscal. A crise de confiança, somada à inflação persistente e à dívida próxima de 80% do PIB, desenha um cenário preocupante, que remete aos erros da gestão Dilma Rousseff, marcada pela recessão de 2016 e pelo descontrole das contas públicas.
Com eleições se aproximando em 2026, a herança fiscal que Lula deixará ao país preocupa até aliados. O discurso de responsabilidade social perde força diante da realidade de uma economia engessada, dependente de arrecadação recorde e cada vez mais vulnerável. Se o governo não enfrentar as reformas estruturais que o Brasil precisa, o futuro econômico pode repetir o passado recente: um país paralisado, caro e sem espaço para crescer.