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Por Cláudio Ulhoa

República dos Condenados tenta ressuscitar nas urnas

Publicado em: 28/10/2025 07:06

Gim Argello, Arruda, Agnelo e Brunelli ensaiam o retorno político como se Brasília sofresse de amnésia coletiva

Por Cláudio Ulhoa

A julgar pelo noticiário recente, a “República dos Condenados” parece ter voltado das cinzas, ou melhor, das celas. Gim Argello, o ex-senador que trocou o plenário pela penitenciária, agora posa de vítima e sonha com o retorno triunfal em 2026. A ironia? Ele foi condenado por embolsar milhões em propina de empreiteiras e hoje posa de moralista em seu blog, o Vero, onde destila ataques e tenta reescrever a própria biografia.

Mas Gim não está só nessa odisseia da desfaçatez. O elenco é de respeito, para quem gosta de enredos de escândalos. José Roberto Arruda, cassado e preso no famoso “Mensalão do DEM”, aparece novamente no cenário político, talvez acreditando que o povo de Brasília esqueceu do vídeo em que recebia uma sacola recheada de dinheiro. Já Agnelo Queiroz, aquele do “propinoduto” do Mané Garrincha, tenta vender a imagem de “novo Agnelo”, como se R$ 1,4 bilhão de superfaturamento fosse mero detalhe do passado. E, para fechar o time, Júnior Brunelli, o da “Oração da Propina”, retorna pregando redenção, como se o altar político fosse um confessionário.

O quarteto aposta na amnésia coletiva e na saudade mal disfarçada de uma era em que Brasília virou sinônimo de escândalo. Usam o discurso de “experiência” como se desvio de dinheiro fosse currículo. Gim, apelidado de “Alcoólico” por delatores da Lava Jato, parece acreditar que basta trocar a cela pela caneta para recuperar prestígio. E o mais curioso: tenta se vender como voz da moralidade, justamente ele que, segundo a própria Justiça, blindava empreiteiros nas CPIs da Petrobras.

Essa aliança soa como um deboche à inteligência do eleitor. É o desfile dos arrependidos seletivos, os que juram ter mudado, mas continuam com o mesmo olhar faminto pelo poder. Se depender deles, 2026 será o grande revival da corrupção à moda antiga, só falta decidir quem vai de terno e quem leva a sacola.

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