
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
STJ dá nova derrota a Arruda e mantém multa milionária
Ex-governador do DF não conseguiu reverter condenação no caso Linknet e seguirá devendo R$ 559 milhões por envolvimento em esquema de corrupção, mais um capítulo no extenso histórico judicial do político
A cena é quase cômica, se não fosse trágica. José Roberto Arruda, aquele mesmo que já estampou capas de jornal com maços de dinheiro e discursos moralistas, volta às manchetes, e, como sempre, pelo motivo errado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter sua condenação à inelegibilidade e uma multa de R$ 559 milhões, resultado de um longo histórico de corrupção, propina e contratos suspeitos. É a reprise de um roteiro que Brasília já decorou: escândalo, prisão, choro diante das câmeras, promessa de recomeço e, claro, a tentativa de voltar à política como se nada tivesse acontecido.
Desta vez, o ex-governador tentou convencer a Justiça de que sua condenação deveria ser anulada. A defesa alegou que a gravação de Durval Barbosa, sim, o mesmo delator que revelou o famoso “mensalão do DEM”, teria sido invalidada. O problema é que o STJ foi didático: mesmo sem a gravação, as provas contra Arruda são mais robustas do que suas desculpas. Testemunhos, documentos e um histórico de irregularidades bastaram para manter o veredito. Afinal, ninguém inventa R$ 559 milhões em “mal-entendidos administrativos”.
Mas o mais curioso é o timing. Em um Brasil onde ex-presidiários voltam à cena política com discursos de redenção, Arruda parece determinado a ser o protagonista do gênero “drama eleitoral com pitadas de comédia”. O mesmo homem que caiu na Operação Caixa de Pandora, acusado de liderar um esquema de corrupção que incluía deputados, empresários e até fiéis de igreja, agora tenta se reinventar como vítima do sistema. Difícil saber se é cinismo ou apenas falta de espelho.
No fim, o que o STJ fez foi apenas lembrar o óbvio: a lei ainda vale, mesmo para quem acha que a caneta é mais forte que o caráter. E, enquanto Arruda tenta ressuscitar sua imagem, o eleitor brasiliense assiste ao espetáculo de sempre: o político condenado que sonha com aplausos, quando o máximo que merece é o silêncio constrangido da plateia.


