Verstappen se diz pronto para sol e chuva em SP para agarrar 'chance de lutar pelo título'

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Max Verstappen conquistou seu primeiro título depois de uma acirrada luta com Lewis Hamilton, em 2021. Depois, iniciou uma era de amplo domínio na F1, com mais três títulos nos anos seguintes. Agora, ele vive uma nova experiência com a busca por uma virada, até então, improvável no campeonato.
O holandês chega a Interlagos para a etapa deste domingo (9) na terceira colocação, com 321 pontos, e ameaça possível título de pilotos da McLaren -Lando Norris lidera com 357. Na sequência, está Oscar Piastri com 356. A distância entre eles vem caindo nas últimas provas.
”Nós estivemos consistentemente no pódio [nas últimas corridas], o que já é uma grande melhoria em comparação ao resto da temporada. Vamos tentar ser os mais competitivos o possível. Eu sei que ainda existe essa pequena chance de lutar pelo título. Nós vamos fazer o nosso melhor e ver onde vamos chegar”, disse ele à reportagem.
O piloto tem quatro etapas até o fim desta temporada para ultrapassar os rivais da McLaren. A fase brasileira tem 33 pontos em disputa, já que a programação inclui uma corrida sprint -prova mais curta disputada no sábado, às 11h (de Brasília)-, além do Grande Prêmio, domingo (9), às 14h (de Brasília). O campeonato segue com fases em Las Vegas, Qatar e Abu Dhabi.
Em 2024, no Brasil, sob muita chuva, Verstappen não fez uma boa classificação para a corrida, largando em 17º. O piloto teve que cumprir uma punição, mas escalou o pelotão, ganhou 16 posições e venceu a prova.
Sua expectativa, agora, é reviver o que ele descreveu como ”loucas emoções”, com as frequentes mudanças no clima durante ao longo do fim de semana da etapa brasileira. O treino classificatório será no sábado (8), às 15h.
”O tempo pode mudar a cada dia e temos que checar a previsão diariamente. As projeções são diferentes. Estamos prontos para correr no seco e no molhado”, avaliou.
PERGUNTA – Em 2024, você largou na 17ª posição, escalou o pelotão e venceu. Qual a sua expectativa para a corrida deste ano, principalmente se tiver o mesmo cenário de chuva?
MAX VERSTAPPEN – Bem, este lugar já me trouxe sorte e azar. Houve uma vez em que eu estava liderando a corrida e acabei sendo tirado da prova, mas, no geral, é sempre muito bom estar aqui -os fãs são incríveis. O apoio que recebo é algo realmente impressionante. As pessoas são muito apaixonadas por F1 no Brasil. As arquibancadas ficam muito próximas da pista e isso cria uma atmosfera única. Para mim, correr aqui é sempre algo muito especial -e, claro, quando se consegue vencer nesse circuito, tudo se torna ainda melhor.
P – Você gosta da imprevisibilidade do clima durante o GP de São Paulo?
MV – O ano passado teve loucas emoções. Eu precisei começar de trás [na 17ª posição]. Parece que nos próximos dias haverá um pouco de chuva por aí, embora eu ache que, no domingo, talvez teremos a menor quantidade. Se você olhar a previsão do tempo todos os dias, você obtém uma projeção diferente.
P – Como você avalia sua ascensão com a Red Bull nas últimas corridas, que lhe possibilitaram voltar à luta pelo título?
MV – As últimas corridas têm sido melhores. Estivemos consistentemente no pódio, o que é uma grande melhoria em comparação ao resto da temporada. Nós tentaremos ser os mais competitivos o possível. Sei que ainda existe uma pequena chance de lutar pelo título. Faremos o nosso melhor e veremos onde vamos chegar.
P – Seu primeiro título foi conquistado após uma acirrada disputada com Lewis Hamilton. Depois, a Red Bull iniciou uma era dominante. Agora, você precisa de uma virada para ser campeão. Qual tipo de disputa é mais emocionante para você?
MV – Acho que a temporada de 2023 provavelmente foi a mais prazerosa para mim, porque éramos realmente competitivos como equipe e tentávamos vencer todas as corridas. Cada ano é um pouco diferente e as vitórias têm significados distintos. Essa temporada teve seu próprio valor. Foi bonita, embora difícil, e, no geral, enfrentamos momentos desafiadores.
P – O Gabriel Bortoleto sempre menciona a amizade que ele mantém com você e destaca seus conselhos. Como é sua relação com ele?
MV – Nós passamos muito tempo juntos em atividades relacionadas às corridas. Ele tem um ótimo coração e é extremamente apaixonado pelo esporte, além de ser um piloto muito rápido -afinal, não se chega à F1 por acaso. Nós nos damos muito bem, e agora que ele mora em Mônaco, é ainda mais fácil nos encontrarmos. Como ele ainda é um novato, há várias coisas que precisa aprender, e sempre que faz perguntas, é porque tem muito interesse em evoluir. Fico feliz em ajudá-lo, já que passei por essa mesma fase quando era rookie (iniciante). Espero que os próximos anos sejam ótimos. Gabriel já pode olhar para trás e se orgulhar de uma excelente temporada de estreia.
P – Você gosta de lidar com jovens pilotos, então. Por isso criou uma equipe virtual, dedicada não só aos simulares, mas também a procurar novos talentos para corridas reais?
MV – Tenho uma grande paixão por tentar levar jovens talentos do mundo virtual das corridas para o automobilismo real, como em uma equipe de GT3. É difícil correr na vida real. É muito caro e, se você olhar para o mundo das corridas hoje em dia, há um número muito limitado de países de onde os pilotos vêm. Eu quero criar a oportunidade para jovens pilotos, homens ou mulheres, não importa de onde venham.
P – Sua filha ainda não completou um ano. Como é ser pai em meio a tantas viagens e compromissos com a F1?
MV – É difícil ficar longe da família. Entre as corridas, tento voltar para casa o mais rápido possível. Por exemplo, depois do México, ficamos fora e já viemos direto para o Brasil -é uma forma de aproveitar ao máximo o tempo juntos entre uma corrida e outra. Durante os fins de semana de corrida, fazemos chamadas de vídeo e coisas assim para manter o contato. Ter 24 corridas por ano é muita coisa, mas esse é o meu trabalho. Ser pai é algo que sempre desejei. Desde jovem eu sabia que, em algum momento, gostaria de ter uma família. Minha irmã, que é um pouco mais nova que eu, teve filhos antes -ela já tem três- e, vendo isso ao meu redor, percebi como é algo incrível.
P – Durante a semana do GP em São Paulo, quando questionados sobre conexões com o Brasil, a maioria dos pilotos cita o Ayrton Senna. Raramente se ouve falar do Nelson Piquet, seu sogro. Você acha que o Piquet é, de alguma forma, subestimado?
MV – A questão é que Ayrton Senna era de São Paulo, certo? Então, naturalmente, a conexão aqui é mais profunda. Ele proporcionou muitos momentos emocionantes para o Brasil e marcou profundamente o país. Ao mesmo tempo, houve muitos outros grandes pilotos brasileiros na história, e acho muito importante relembrar e valorizar esses momentos. Pessoalmente, tenho uma ligação mais próxima com o Nelson, por ser parte da minha família, por afinidade, mas cada um tem o direito de escolher quem é o seu herói.
P – Em caso de título neste ano, você vai igualar Juan Manuel Fangio e ficará atrás somente de Lewis Hamilton e Michael Schumacher em número de títulos. Em que lugar do ranking histórico da F1 você se coloca?
MV – Eu nunca cresci pensando que precisava ganhar sete, seis, cinco ou quatro títulos. Eu só queria ser um piloto de F1 e ser bom no que estava fazendo. Muitas dessas estatísticas e conquistas, às vezes, também dependem de um pouco de sorte na vida -estar na equipe certa em um bom período. Enquanto eu estiver feliz, continuo fazendo o que estou fazendo. Se não estiver contente, posso dizer com muita facilidade e alegria que paro.
RAIO-X | MAX VERSTAPPEN, 28 ANOS
Tetracampeão mundial, está em sua 12ª temporada na F1. Com 68 vitórias até o momento, é o terceiro piloto que mais subiu no lugar mais alto do pódio na história e o quinto com mais poles, totalizando 47. Venceu a etapa brasileira em 2019, 2023 e 2024.


