De ignorado a indiscutível, como Casemiro virou a cara do time de Ancelotti

Publicado em: 18/11/2025 11:54

(UOL/FOLHAPRESS) – É impossível escalar a seleção brasileira de Carlo Ancelotti sem passar por Casemiro no coração do meio-campo. Mais do que isso, é obrigatório falar do volante do Manchester United para elencar as principais mudanças implantadas pelo treinador italiano desde a sua chegada, em maio deste ano.

Titular sempre que esteve disponível (só não jogou contra a Bolívia, pelas Eliminatórias, porque estava suspenso), Casemiro é uma extensão de Ancelotti em campo e um amigo fora dele. Os dois fizeram uma parceria vitoriosa no Real Madrid e nunca se afastaram.

Antes de assinar contrato com a CBF, o treinador mandou uma mensagem, pedindo informações. Depois, voltou a convocar o volante, que havia sido ignorado nas listas de Dorival Jr. Por fim, deu a ele a responsabilidade de ser titular e um dos líderes do time. Em resumo: fez Casemiro ressurgir.

Desde a chegada de Ancelotti, são seis jogos do volante, com um gol marcado – no sábado, contra Senegal. Para além dos números, o camisa 5 também recuperou a condição que tinha nos ciclos das Copas de 2018 e 2022: o de figura indispensável para o funcionamento do time.

Mas, neste ciclo, nem sempre foi assim.

REAPRENDENDO A JOGAR

Uma parte importante do bom momento de Casemiro tem a ver com a forma de jogar. No “arroz com feijão” de Ancelotti, ele realiza funções semelhantes às que tinha no Real Madrid, e que também tem exercido nos últimos meses, no Manchester United.

No breve período em que Fernando Diniz comandou a seleção, o cenário era bem diferente. Sob o comando do hoje treinador do Vasco, Casemiro teve de assimilar conceitos inéditos para ele: sair com a bola dominada entre os zagueiros, por exemplo.

O volante entendeu as mudanças e trabalhou para se adaptar rapidamente, mas disse a pessoas próximas que precisava “resetar” tudo o que havia aprendido sobre futebol, para reaprender os conceitos. Quando ele estava neste processo, Diniz acabou demitido.

O TELEFONE QUE NÃO TOCOU

Com Dorival Jr., a situação foi pior. Convocado na primeira lista do treinador, ele acabou cortado por lesão, mas viajou de Manchester a Londres de carro para conversar com o treinador e falar com os colegas, que estavam num período de treinos para amistosos contra Inglaterra e Espanha.

Na segunda convocação de Dorival, os problemas começaram: Casemiro já estava bem fisicamente, mas não foi chamado. Diante de uma pergunta a respeito do volante na entrevista coletiva pós-convocação, o técnico disse que se tratava de uma questão técnica, mas também disse que entraria em contato com o jogador, para conversar sobre a situação.

Casemiro esperou dias por uma chamada de Dorival nos dias seguintes àquela promessa, mas o telefone demorou a tocar. Quando eles finalmente se falaram, o treinador alegou que o mau momento no clube era a razão pela ausência na lista.

De fato, o United não vivia um bom momento, e lesões no elenco levaram Casemiro a ser improvisado como zagueiro. Essa condição passou a ser usada por Dorival para justificar a ausência do jogador em suas convocações.

REVIRAVOLTA NO UNITED

A volta de Casemiro à seleção é mais que apenas uma reunião com Carlo Ancelotti. Ela coincide com uma virada do volante também no Manchester United, onde foi de jogador dispensável a peça fundamental.

Quando o português Ruben Amorim assumiu o clube inglês, em novembro do ano passado, ele foi claro com alguns jogadores: para Casemiro, disse que precisava de um volante que tivesse mais velocidade para marcar os adversários.

Amorim apostou em jogadores mais jovens, como o inglês Kobbie Maino e o uruguaio Manuel Ugarte. Mas, quando as lesões voltaram a aparecer, foi Casemiro que ajudou o time a se recuperar e chegar à final da Liga Europa -perdeu para o Tottenham.

Com boas atuações, o veterano colocou o treinador português numa sinuca de bico: como tirá-lo do time? Enquanto pensava na resposta, Amorim manteve Casemiro como titular; e assim se passaram dias, semanas, meses.

Atualmente, Casemiro é não apenas titular, mas uma referência do time: em 10 partidas pelo United na temporada, o volante disputou 10 partidas, com três gols e uma assistências. A “virada” no United foi silenciosa, mas é considerada pelo brasileiro um dos momentos mais importantes de sua carreira.

CAPITÃO SEM BRAÇADEIRA

Na seleçã hoje, a apenas três amistosos da convocação para a Copa, Casemiro é uma bússola para os companheiros. Ele orienta os mais jovens, lidera os experientes e tem uma linha direta com o treinador que nenhum outro jogador consegue ter.

Diante de uma liderança tão clara, há quem pergunte por que Ancelotti não deu a braçadeira de capitão ao camisa 5. Quem conhece o “mister” sabem bem os motivos: Ancelotti é um treinador de poucos golpes bruscos na direção, e não é adepto de mudanças que não sejam absolutamente necessárias.

Neste caso, trocar o capitão a sete meses da Copa poderia causar um racha, inclusive desmotivando Marquinhos, que ocupa a posição de liderança ao longo deste ciclo. Ancelotti entende que Casemiro não precisa ser capitão para ajudar e motivar os colegas. Sendo assim, prefere ter depois capitães em campo: um com a braçadeira; e o outro, sem.

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O ex-treinador da seleção disse também que era hora de se testar um treinador estrangeiro; “Existem bons treinadores brasileiros, mas a atmosfera era muito ruim. Havia uma má energia interna, com muitos problemas políticos”, disse

Folhapress | 09:00 – 18/11/2025

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