Pista homologada após 12 anos volta ao calendário nacional com apoio do GDF e entusiasmo de pilotos, dirigentes e autoridades

Por Cláudio Ulhoa

Brasília viveu nesta quinta-feira um daqueles momentos que marcam uma geração inteira. O Autódromo Internacional Nelson Piquet, fechado há mais de uma década e símbolo do abandono esportivo da capital, voltou a respirar velocidade com a entrega oficial da nova pista, agora com 384 metros de extensão a mais, o que a transforma no maior circuito de automobilismo em atividade no país, superando Interlagos. A reabertura ocorre acompanhada de homologação oficial da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), devolvendo à cidade um equipamento que moldou a história do esporte motor brasileiro.

O governador Ibaneis Rocha recebeu autoridades, pilotos e representantes do setor em uma cerimônia marcada por forte tom simbólico. Antes das falas institucionais, o padre Tininho conduziu uma bênção especial e classificou a entrega do autódromo como um “presente de Natal antecipado para Brasília e para o Brasil”. Agradeceu nominalmente ao governador por “cuidar da cidade em cada canto”, reforçando laços religiosos e afetivos que atravessaram toda a cerimônia.

Ao lado dele, a vice-governadora Celina Leão também marcou presença, enquanto pilotos brasilienses como Lucas Floresta e Enzo Elias foram ovacionados pelo público. Para eles, a conquista tem peso duplo: devolve a casa à comunidade automobilística local e recoloca Brasília no mapa dos grandes eventos nacionais.

O presidente da Vicar, Lincoln Oliveira, responsável pela Stock Car, destacou o impacto direto da obra no calendário do automobilismo brasileiro. Segundo ele, equipes, pilotos, patrocinadores e organizadores receberam a notícia com entusiasmo. Classificou o autódromo como “equipamento de padrão internacional” e lembrou que a demanda por sua volta sempre foi alta entre as principais categorias do país.

Em seguida, o presidente da CBA, Giovanni Guerra, formalizou a entrega da homologação, afirmando que a pista “está oficialmente devolvida ao automobilismo do Brasil”. Ele lembrou que mais de 15 mil pilotos hoje integrados à confederação veem a reabertura como uma vitória coletiva. Durante a cerimônia, Guerra destacou que Brasília deve sentir os efeitos econômicos e turísticos do retorno das competições, reforçando que o esporte carrega consigo empregos, hospedagem, serviços e negócios.

Ex-piloto e campeão brasiliense, o agora deputado federal Fred Linhares fez um discurso carregado de emoção. Conhecedor de cada curva da antiga pista, ele lembrou que o autódromo de Brasília sempre foi um circuito técnico, com nove curvas para a direita e sete para a esquerda, particularidade que separa pilotos completos de competidores menos versáteis. “A gente sonhava com isso. Precisava disso. Tirar a ferrugem de Goiânia e São Paulo”, disse, ressaltando que cada evento movimenta dezenas de profissionais por equipe e lota hotéis da cidade.

Também presente, o deputado federal Júlio César afirmou que o dia “entra para a história de Brasília” e lembrou que a última etapa da Stock Car no circuito ocorreu em 2014, quando ele era secretário de Esporte.

Com a entrega da homologação e o entusiasmo generalizado do setor, Brasília volta ao cenário nacional com uma pista que, além da dimensão inédita no país, carrega a responsabilidade de impulsionar turismo, renda e empregos, e recuperar a tradição automobilística que marcou gerações no Distrito Federal.