Caiado alerta para risco de retrocesso fiscal em Goiás
Governador diz que equilíbrio conquistado após saída do RRF pode ser destruído rapidamente por má gestão
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), celebrou a saída do Estado do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados e do Distrito Federal (Propag), mas fez um alerta contundente sobre os riscos de retrocesso caso a gestão estadual volte a ser conduzida, segundo ele, por administrações irresponsáveis. Durante discurso na quarta-feira (10/12), Caiado afirmou ter “um ciúme enorme” do que foi construído ao longo de sete anos de governo e advertiu que a destruição desse legado poderia ocorrer rapidamente. “Para destruir, basta um minuto”, declarou.
Em tom duro, o governador utilizou uma metáfora para criticar possíveis adversários políticos e gestores do passado, comparando-os a pragas que corroem estruturas sólidas. “Se puser de volta em Goiás aquele cupim branco, que rói mais do que o preto… aquilo é uma desgraça, destrói até concreto. Se voltarem com esse cupim branco para dentro do palácio, ele vai comer tudo o que fizemos em sete anos”, afirmou, ao reforçar o temor de que conquistas fiscais e administrativas sejam perdidas.
Caiado relembrou o cenário encontrado ao assumir o governo, marcado por duas décadas de sucateamento, com dívidas bilionárias, atrasos salariais e obras paralisadas. Segundo ele, a adesão ao RRF foi fundamental para reorganizar as contas públicas e permitir a retomada de investimentos estratégicos em áreas como saúde, segurança pública, educação, infraestrutura e políticas sociais. O governador destacou que Goiás se tornou o primeiro estado a alcançar equilíbrio fiscal por meio de ações estruturais e políticas consideradas responsáveis.
Ao comentar a adesão ao Propag, Caiado ressaltou que o novo modelo representa um avanço significativo na gestão da dívida estadual. A mudança no indexador, que deixa de ser a taxa Selic e passa a ser o IPCA com juro real zero, deve reduzir a volatilidade do endividamento e alinhar o custo da dívida ao desempenho da economia. A estimativa do governo é de ganhos fiscais de aproximadamente R$ 26 bilhões ao longo dos próximos 30 anos. “Você nunca teve um Estado de Goiás com o nível de saúde fiscal que nós temos hoje, e não é apenas agora, mas para as próximas décadas”, afirmou.
Para o governador, os sete anos de ajuste fiscal permitiram que o Estado voltasse a “respirar”, e o risco de nova crise deve ficar definitivamente no passado. Nesse contexto, Caiado defendeu a continuidade do projeto administrativo e sinalizou apoio ao vice-governador Daniel Vilela (MDB), a quem pretende entregar o comando do Executivo estadual. “Ele andou comigo quatro anos, sabe tudo o que acontece, não por ouvir dizer, mas participando de cada momento”, enfatizou, ao reforçar a confiança na manutenção das políticas que sustentam o atual cenário de estabilidade e crescimento.


