STF enfrenta desafios para comprovar narrativa de golpe
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Sem provas concretas, acusações levantam questionamentos sobre a imparcialidade do STF e a politização do discurso de proteção à democracia
Por Cláudio Ulhoa
A tentativa de consolidar uma narrativa de golpe no Brasil revela não apenas a ausência de materialidade nas acusações, mas também um perigoso precedente para a democracia. O STF, em sua busca por justificar ações que frequentemente extrapolam os limites do devido processo legal, parece mais preocupado em sustentar discursos do que em apresentar provas concretas.
Áudios vazados, como o de Mauro Cid, e declarações sobre supostas intenções de golpe deixam mais dúvidas do que certezas. A figura de Jair Bolsonaro, constantemente apontada como central nas acusações, surge nas evidências com um perfil hesitante e passivo, longe de decisões ou articulações claras. Se a narrativa de golpe não se sustenta nem juridicamente, nem politicamente, por que ela persiste?
A resposta pode estar na busca por legitimar medidas extremas que violam princípios constitucionais sob a justificativa de “salvar a democracia”. Assim como na Operação Lava Jato, o discurso de que “os fins justificam os meios” volta a emergir, desta vez com a perigosa mensagem de que proteger o sistema democrático pode envolver atropelar as próprias regras que o sustentam.
O timing das acusações também levanta suspeitas. O surgimento dessas narrativas logo após reuniões de Lula com membros do Judiciário é, no mínimo, conveniente. O que se pretende esconder ou justificar com isso?
O STF enfrenta um teste de credibilidade. Se a narrativa de golpe é frágil e sem materialidade, insistir nela só reforça a percepção de que há mais interesses políticos em jogo do que o compromisso com a verdade.