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Por Cláudio Ulhoa

Arruda, o “elegível” do chopp invisível | Versão brasileira de conto de fadas político

Publicado em: 18/12/2025 10:13

PSD vira palco de fiasco: enquanto as redes juram que Arruda está elegível, STJ mantém condenação e o evento de filiação termina em copo vazio e promessas quebradas

Por Cláudio Ulhoa

José Roberto Arruda voltou ao palco político como se fosse uma estrela renascida da própria poeira, e seus apoiadores tratam o ex-governador do Distrito Federal como se a inelegibilidade confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça fosse apenas um detalhe técnico, facilmente resolvido com fé, torcida e umas doses generosas de narrativa. A informação jurídica concreta? Em outubro de 2025 o STJ manteve a condenação de Arruda por improbidade administrativa, garantindo o carimbo de inelegível de forma bem clara. Mas quem precisa de fato quando se tem grupo de WhatsApp dizendo o contrário?

Pois a nova onda agora é: “Arruda está pronto para disputar o governo do DF em 2026”. Sim, claro. Porque segundo a militância digital, basta repetir mil vezes que ele está elegível, ignorar a condenação colegiada e confiar que a mudança da lei eleitoral resolverá tudo num passe de mágica. Parece até criança tentando convencer o professor de que entregou o dever de casa, mas o cachorro comeu.

E para embalar esse novo capítulo do teatro eleitoral, Arruda realizou um evento de filiação ao PSD. O grande momento político que deveria provar força, popularidade e energia virou um espetáculo tragicômico: promessa de chopp grátis para lotar a porta do ato. Resultado? Gente indignada porque o chopp nunca apareceu. O povão recebeu apenas fila, calor e a sensação amarga de que o copo, e o projeto eleitoral, estavam completamente vazios. Se esse é o tamanho da mobilização, imagina o plano de governo.

Enquanto isso, o fato jurídico continua sólido: a condenação por improbidade foi confirmada e sustenta a inelegibilidade. A Lei da Ficha Limpa não dá desconto promocional. Não há cupom eleitoral “ELEGÍVEL10OFF”. Ainda assim, a narrativa tenta se sustentar no argumento de que a mudança na legislação eleitoral poderia encurtar o prazo de inelegibilidade, como se uma interpretação futura valesse mais do que uma decisão do STJ publicada, assinada e carimbada.

Mas a cereja do bolo é o contraste com o passado: Arruda tenta retornar ao poder oferecendo chopp imaginário, enquanto seu público faz piada dizendo que ao menos Lula, no auge da militância, dava pão com mortadela. A diferença? Lula entregava. Arruda prometeu volume e mostrou ausência.

Enquanto a Justiça Eleitoral não analisa uma eventual candidatura, o cenário real é simples: Arruda permanece inelegível por força de condenação colegiada. O resto é espuma, espuma de um chopp que nunca foi servido. E se a imagem de campanha depender de eventos como o da filiação, com fila, indignação e copo seco, a única coisa que Arruda pode eleger em 2026 é o prêmio de maior constrangimento político do ano.

No fim, a matemática continua igual:
Condenação + manutenção no STJ = inelegibilidade.
O resto? Barulho. Meme. E vontade de transformar ato político em festa open bar, mas até para isso precisa cumprir a lei, honrar a promessa e ter chopp no barril. Aqui, não teve.

Se essa é a largada da campanha, prepare a caneca: a ressaca pode ser grande.

Fontes utilizadas: STJ manteve a condenação de Arruda e sua inelegibilidade em decisão colegiada do tribunal.

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