Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa

Arruda ultrapassa limites ao tentar usar igreja como palanque

Publicado em: 27/10/2025 16:01

Tentativa de invasão em evento da Assembleia de Deus expõe despreparo e arrogância política do ex-governador

O ex-governador José Roberto Arruda protagonizou, neste sábado, uma cena lamentável durante a Convenção Geral da Assembleia de Deus de Brasília (Adeb), em Taguatinga. O evento, reservado exclusivamente a líderes religiosos da congregação, foi interrompido pela insistência de Arruda em tentar entrar sem ser convidado. O gesto, que poderia ser apenas constrangedor, se transformou em algo mais grave quando o político, conhecido por nunca ter sido evangélico, ameaçou a instituição, afirmando que “dará o troco” caso volte ao comando do Governo do Distrito Federal.

Esse episódio revela muito sobre o perfil de Arruda e sua relação com o poder. Um homem que já teve a oportunidade de governar o DF, mas que deixou sua gestão marcada por escândalos e investigações, agora tenta reconstruir sua imagem apelando à fé popular, como se o altar fosse extensão do palanque. O problema é que a fé não se negocia, e a igreja não é palco para ensaios eleitorais de quem já demonstrou, no passado, desprezo pelos valores éticos que ela prega.

Mais do que uma atitude desrespeitosa, a tentativa de invadir um encontro religioso fechado representa um ato de arrogância política. Arruda não foi barrado por perseguição, foi impedido porque o evento tinha regras, e ele, como qualquer cidadão, deveria respeitá-las. Ao reagir com ameaças, ele revelou o velho autoritarismo que Brasília já conhece: o mesmo que o afastou da política e o transformou em símbolo de um tempo que o DF tenta deixar para trás.

A tentativa de se aproximar dos evangélicos pode até parecer uma estratégia de campanha, mas, da forma como foi feita, tornou-se um tiro no pé. Nenhum eleitor sério deseja ver novamente no Palácio do Buriti alguém que confunde fé com manipulação e liderança com imposição.

A democracia se sustenta no respeito, às instituições, às pessoas e às crenças. Quando um político ultrapassa essa linha e ameaça retaliar uma igreja por não ter sido recebido, o problema já não é mais eleitoral: é moral. O DF precisa de líderes equilibrados, não de figuras que tratam o poder como vingança pessoal.

Arruda mostrou que ainda não aprendeu nada com o passado. E quem insiste em reviver erros antigos, dificilmente está preparado para escrever um novo futuro.

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