Bolsonaro chama investigação da PF de “política” e cancela encontro com embaixadores

Publicado em: 18/07/2025 13:56





O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou como “política” a operação da Polícia Federal (PF) que impôs medidas cautelares contra ele nesta sexta-feira (18), e negou qualquer envolvimento em plano de fuga ou articulação golpista.

A declaração foi dada à imprensa na saída da sede da PF em Brasília, logo após colocar a tornozeleira eletrônica imposta por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Vim tomar conhecimento do inquérito que gerou as cautelares. Estou com tornozeleira. O novo inquérito é político e não tem nada de concreto. A própria PF não encontrou nada. O PGR foi além do que há no inquérito”, afirmou o ex-presidente, classificando a trama da qual é investigado de “golpe de festim”.

A investigação mira o financiamento, por Bolsonaro, de ações destinadas a atacar a soberania nacional e interferir na independência dos Poderes, em articulação com seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos. Segundo a PF, as ações culminaram no tarifaço anunciado por Donald Trump contra o Brasil — medida que, para os investigadores, teve efeitos concretos.

Bolsonaro negou que tenha cogitado fugir do país ou buscar refúgio diplomático, como suspeita a PF. “Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para uma embaixada. Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”, declarou.

Bolsonaro ainda afirmou que havia programado um almoço com embaixadores de outros países em Brasília, mas diante das circunstâncias, iria cancelar o compromisso. Questionado sobre a possibilidade de fuga ou de se abrigar nos prédios diplomáticos, como fez em outro momento na Embaixada da Hungria, o ex-presidente desconversou e afirmou que tem “mais contato com embaixadores do que o próprio ministro das Relações Exteriores”.

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Entre as medidas impostas estão o uso da tornozeleira, recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h) e aos fins de semana, além da proibição de visitar embaixadas ou manter contato com embaixadores. Segundo investigadores, tais restrições são preventivas para evitar uma “eventual fuga”.

A operação foi autorizada por Moraes após representação da PF, com apoio da Procuradoria-Geral da República (PGR). Além da tornozeleira, foram apreendidos US$ 12 mil em espécie na casa do ex-presidente. Bolsonaro afirmou que sempre guardou dólares em casa, que possui recibos do Banco do Brasil e que declarou os valores no Imposto de Renda.

Críticas a Lula e aceno a Trump

Ao ser questionado se a operação teria relação com as tarifas impostas por Trump, Bolsonaro respondeu: “Talvez. Ele citou meu nome cinco vezes.” O ex-presidente ainda acusou o governo Lula de isolamento diplomático: “Todos os países estão negociando tarifas, menos o Brasil. O governo Lula está totalmente alienado e não conversa.”

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Ao comentar sobre eventuais tratativas com o governo norte-americano, ironizou: “Se devolverem meu passaporte, posso negociar.”

Por fim, classificou a operação como mais um episódio de perseguição: “Sofri uma humilhação. Já é a quarta busca e operação contra mim. Nada me coloca em um plano golpista. A suspeita é um exagero.”


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