
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
Cármen Lúcia pode barrar avanço de Arruda e reforça inelegibilidade para 2026
Julgamento da Lei da Ficha Limpa no Supremo pode selar destino político de Arruda e bloquear de vez seu retorno ao Palácio do Buriti
O ex-governador José Roberto Arruda segue tentando se manter relevante no debate político do Distrito Federal, mas os fatos judiciais mostram um horizonte quase sem saída. A filiação ao PSD, vendida como renascimento político, perde força diante da realidade processual: hoje, Arruda não possui condições legais para disputar o governo em 2026. E se o Supremo Tribunal Federal, no julgamento em curso sobre os efeitos da Lei da Ficha Limpa, consolidar entendimento rigoroso a favor da norma, o que já está difícil pode se tornar definitivo, enterrando qualquer possibilidade futura de retorno ao Palácio do Buriti.
O parecer da ministra Cármen Lúcia expôs uma fragilidade que a defesa do ex-governador tenta minimizar. Sua ficha jurídica segue manchada pelas condenações ligadas à Operação Caixa de Pandora, que continuam válidas para fins de improbidade administrativa. A ministra reforçou que mudanças recentes na Lei de Improbidade não anulam o núcleo de condenações por dano ao erário e enriquecimento ilícito. Ou seja, o que sustenta a inelegibilidade permanece intocado.
E agora surge um ponto decisivo: o STF está prestes a concluir um julgamento que deve definir se a Lei da Ficha Limpa será aplicada com rigor máximo nas próximas eleições. Caso os ministros votem pela manutenção integral das regras de inelegibilidade para gestores condenados por improbidade, especialmente em casos já julgados, como o de Arruda, a última porta jurídica do ex-governador pode ser fechada. O sonho de candidatura deixaria de ser improvável para se tornar impossível.
Bastidores políticos confirmam essa leitura. Líderes partidários que enxergavam Arruda como potencial puxador de votos já admitem que se precipitaram. O PSD não encontrou ambiente jurídico favorável para sustentar o nome do ex-governador, e figuras como Ibaneis Rocha e Celina Leão ampliam força justamente pela ausência de um adversário com peso eleitoral, porém atolado em irregularidades. Sem espaço legal para registro de candidatura, Arruda deixa de ser fator de equilíbrio e vira memória da política brasiliense.
Enquanto isso, a defesa insiste na narrativa de perseguição, alegando que o prazo de inelegibilidade estaria superado. Só que o STF já sinalizou que condenações por improbidade que envolvem dinheiro público não desaparecem sem reparação efetiva. A jurisprudência é clara: dano ao erário mantém efeito jurídico e político.
Diante desse cenário, a conclusão é direta: Arruda pode até ter influência histórica e fidelidade eleitoral, mas isso não resiste a condenações transitadas em julgado. A decisão de Cármen Lúcia mostrou apenas o primeiro capítulo de uma virada maior. Se o STF firmar posição em defesa da Lei da Ficha Limpa, o retorno do ex-governador à disputa majoritária não será apenas improvável, será inviável.
Para o Distrito Federal, o sinal é positivo: a legislação anticorrupção permanece em alta e o processo eleitoral deve se mover sem atalhos jurídicos para quem já feriu a gestão pública. No fim, a matemática é simples: sem quitação eleitoral e com o Supremo prestes a reforçar a Ficha Limpa, a cadeira de governador que Arruda sonha em recuperar está cada vez mais distante, e pode se perder para sempre.


