Dia de greve geral na França termina em confronto em Paris
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – A jornada de greve geral e manifestações contra o governo do presidente Emmanuel Macron, nesta quinta-feira (18), foi pacífica na maior parte da França, mas terminou com um confronto no final da tarde em Paris.
Policiais e manifestantes mascarados se enfrentaram no bulevar Voltaire, perto da praça da Bastilha, ponto de concentração da passeata. Em Rennes, na Bretanha (oeste), a polícia chegou a fechar a estação de trem, diante das depredações. Foram registrados incidentes menores em outras cidades, como Lyon e Orléans.
Pelo menos 140 pessoas foram detidas em todo o país, segundo o governo.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, responsável pela segurança pública, afirmou que o policiamento preventivo impediu bloqueios de estradas, escolas e pátios de ônibus. Foram mobilizados 80 mil policiais e “gendarmes”, polícia militar francesa.
Um balanço divulgado pelo governo à tarde estimou o total de manifestantes em toda a França em 345 mil pessoas. Segundo a Confederação Geral do Trabalho, uma das principais centrais sindicais, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas.
Segundo o Ministério dos Transportes, estavam circulando 90% dos TGVs , os trens de alta velocidade. A paralisação era maior no metrô de Paris, onde apenas 3 das 16 linhas estavam funcionando normalmente. As três operam automaticamente, sem condutor.
No ensino médio, 45% das escolas estão em greve, segundo o sindicato dos professores. Farmacêuticos e fisioterapeutas estão entre as categorias cuja paralisação é quase total.
Bastante descentralizado, o movimento de protesto tem uma pauta de reivindicações vaga. Opõe-se, de forma geral, ao presidente Emmanuel Macron, ao recém-nomeado primeiro-ministro Sébastien Lecornu e às medidas de austeridade adotadas pelo governo, entre elas uma reforma de 2023 que adiou dos 62 para os 64 anos a idade da aposentadoria.
O dia de protesto recebeu apoio explícito das centrais sindicais e dos partidos de esquerda e ultraesquerda. Políticos de ultradireita, que também fazem oposição a Macron, dizem entender a ira da população, mas preferiram se manter à margem dos protestos.
O líder do maior partido de ultraesquerda, Jean-Luc Mélenchon, voltou a pedir a renúncia de Macron. “Ele é o responsável pelo caos”, afirmou.
Lecornu foi encarregado na semana passada por Macron de montar um novo gabinete, o quarto em apenas dois anos. A coalizão de centro-direita que o novo premiê comanda não tem maioria na Assembleia Nacional, mesmo problema enfrentado por seus dois antecessores. A oposição, tanto à esquerda quanto à direita, pede a dissolução da Assembleia e a convocação de novas eleições legislativas, ou a renúncia de Macron, o que anteciparia a eleição presidencial marcada para 2027.
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