É possível prevenir infecções respiratórias recorrentes?
É sabido que o ar mais seco e as temperaturas mais baixas característicos do inverno costumam levar ao aumento dos casos de síndromes respiratórias e até das hospitalizações, pois podem interferir no desempenho das defesas naturais do organismo. Por isso, fortalecer o sistema imune é fundamental. Hábitos como alimentação saudável, hidratação adequada e sono regular podem potencializar a imunidade e ajudar a preparar o organismo para uma rotina mais saudável e com menos interrupções.
Ao nascer somos colonizados por uma série de bactérias, vírus e fungos. Esse conjunto de agentes é chamado de microbioma e está presente na pele, no intestino, no pulmão. Geralmente esses microrganismos convivem conosco de forma harmônica, porém, quando há um desequilíbrio, ficamos mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças, como as relacionadas à saúde respiratória.
“O melhor momento para se constituir o microbioma é durante a gestação, mas tudo a que o indivíduo se expõe ao longo da vida repercute no sistema imune”, explica a pneumologista Rosemeri Maurici da Silva, médica pneumologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Existe um eixo regulatório entre intestino e pulmão, isso quer dizer que a composição da microbiota intestinal vai repercutir em toda ação do sistema imunológico e, consequentemente, nas respostas inflamatórias pulmonares”, complementa.
Várias ações ao longo da vida podem modificar o equilíbrio do microbioma, como maus hábitos alimentares, falta de vacinação, tabagismo e sedentarismo. Tudo isso acaba alterando a composição do microbioma, ocasionando uma série de problemas, principalmente os relacionados ao sistema imunológico. Do mesmo jeito, ações podem ser feitas para reestabelecer o equilíbrio do microbioma
.“Uma delas é adotar uma rotina mais saudável. Além disso, existem opções farmacológicas, como a imunomodulação, que estimulam a produção de anticorpos e células de defesa, ajudando o organismo a reagir de forma mais eficaz às infecções”, declara a pneumologista.
“Os imunomoduladores constituem uma mescla de antígenos bacterianos obtidos por liofilização e lise química ou mecânica de bilhões de bactérias ou cadeias de referência bacteriana cultivadas in vitro”, explica Marcus Herbert Jones, pneumologista pediátrico e professor da Escola de Medicina da PUC de Porto Alegre. E complementa, “o uso de imunomoduladores permite treinar o sistema imunológico para que o corpo se defenda melhor contra infecções respiratórias como como sinusites, rinites, amigdalites, otites e bronquites”.
Esses medicamentos também podem ajudar a amenizar os sintomas das infecções. “Estudos mostram que eles atuam nas células que identificam e reagem a agentes invasores, ajudando a reduzir a gravidade e a frequência das infecções respiratórias. Isso também pode reduzir a prescrição de antibióticos, um desafio crescente na saúde pública”, finaliza o especialista.
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