Entenda por que um paciente pode passar por múltiplos transplantes de órgãos, como Faustão

Publicado em: 09/08/2025 11:50


PATRÍCIA PASQUINI E VITÓRIA MACEDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Casos como o de Faustão, 75, que foi submetido a um transplante de fígado na quarta-feira (6), combinado a um retransplante renal, não são comuns no dia a dia, mas podem ocorrer. Esse tipo de procedimento é conhecido como transplante simultâneo -uma cirurgia que envolve mais de um órgão sólido.

Faustão já havia feito um transplante de coração, em agosto de 2023, e um transplante de rins, em fevereiro do ano passado.
A principal indicação de transplantes múltiplos é a falência simultânea de dois ou mais órgãos. “Outras indicações são mais específicas, como alguma doença metabólica que leva à necessidade de um órgão específico, como o rim, em que o fígado é transplantado conjuntamente por possuir um erro metabólico que irá levar à perda do rim a médio prazo se não for feito o transplante múltiplo”, afirma Marcus Eduardo Martins da Costa, coordenador da Cirurgia Geral e coordenador da Equipe de Transplante de Órgãos da Rede Mater Dei de Saúde.

Poderia ser, por exemplo, um paciente com doença hepática que desenvolve insuficiência renal dialítica e precisa do transplante de rim simultâneo (fígado e rim). Nesse caso, por exemplo, seria um paciente com doença hepática desenvolve uma insuficiência renal dialítica e precisa do transplante de rim simultâneo (fígado e rim).
Segundo Wellington Andraus, chefe do Serviço de Transplante de Órgãos do Aparelho Digestivo do Hospital das Clínicas de São Paulo, transplantar o pâncreas e o rim simultaneamente pode acontecer em pessoas com diabetes -e é o tipo mais comum de transplante múltiplo.

Menos comuns são casos em que órgãos como coração e fígado ou pulmão e fígado são transplantados juntos, mas isso pode acontecer. Andraus afirma que, eventualmente, depois do transplante de um órgão, o outro pode apresentar disfunção grave e necessitar de transplante.

“É o paciente que já é transplantado de fígado e, ao longo do tempo, tem o rim prejudicado. Há pacientes também que fazem transplante de intestino associado a outros órgãos. Aí transplanta o intestino e o fígado junto com o pâncreas. O transplante de múltiplos órgãos chamamos de multivisceral”, explica.

O médico afirma que a grande maioria dos pacientes que passam por transplante de fígado mantém boa qualidade de vida, sem desenvolver complicações em outros órgãos. Entretanto, uma pequena parcela desses pacientes já apresentava problemas renais leves antes do transplante -condições que, embora existissem, não eram graves o suficiente para necessitar de um transplante de rim.

Após o transplante hepático, esses problemas renais preexistentes tendem a se agravar. “Os imunossupressores, às vezes, são prejudiciais para o rim também e, no futuro, levam a pessoa ao transplante renal, mas isso acontece em uma minoria dos casos”, diz.

Em geral, de acordo com o especialista do HC, o prognóstico para quem realizou múltiplos transplantes é bom, dependendo da gravidade do quadro do paciente no momento do procedimento e de como o órgão funcionou assim que foi transplantado. Martins da Costa afirma que a recuperação pós-operatória é mais lenta e com alguns riscos, “mas com resultados fantásticos também”.

“Todas as modalidades de transplante têm alcançado resultados cada vez melhores. O fígado hoje tem uma sobrevida de um ano próxima de 80% ou mais; em cinco anos, de mais de 70%. Mesmo quando se transplanta fígado e rim, os resultados são bons”, diz Wellington.

Quem deseja doar órgãos deve manifestar a intenção à família, mesmo que a pessoa tenha expressado essa vontade em um documento oficial, como o novo modelo de RG.

Leia Também: Jessie J anuncia nova cirurgia e mantém otimismo na luta contra o câncer


Notícias ao Minuto

Compartilhar

Faça um comentário