EUA fazem 3ª missão com bombardeiros perto da Venezuela

Publicado em: 28/10/2025 12:14


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Donald Trump voltou a enviar bombardeiros estratégicos, armas para ataques de precisão e maciços, para a costa da Venezuela. Nesta segunda-feira (27), dois modelos B-1B voaram uma missão de 14 horas que chegou a 32 km km do país caribenho, a meros 10 km do limite de seu espaço aéreo.

Foi a terceira ação do tipo em duas semanas. No dia 15, três B-52 escoltados por dois caças F-35 estiveram perto da ditadura de Nicolás Maduro. No dia 23, foi a vez de outros dois B-1B.

Os voos fazem parte do pacote de pressão de Trump sobre Maduro, a quem acusa de ser ligado aos cartéis de drogas que operam na região. O ditador, indiciado desde 2020 em Nova York sob acusação de narcoterrorismo, nega a imputação e diz que os EUA estão de olho no petróleo da Venezuela, país com as maiores reservas do combustível no mundo.

Maduro tem sentido o calor das ações americanas, alternando discursos mais desafiadores com pedidos por “peace forever” contra uma “guerra louca”. Informalmente, segundo relatos na mídia americana, ofereceu parceria de exploração de recursos minerais de seu país para tentar demover Trump.

A mobilização militar de Trump é altamente custosa e colocou no Caribe o maior conjunto de forças desde que os EUA invadiram o Haiti para restaurar o governo eleito democraticamente derrubado por um golpe em 1994 -ações anteriores, como em Granada em 1983, tiveram justificativas bem menos nobres.

Além do grupo expedicionário dos Fuzileiros Navais com três navios, há destróieres, um cruzador e um submarino nuclear de ataque na região, além de dez caças furtivos ao radar F-35 estacionados em uma base reaberta em Porto Rico.

Tudo isso fora um arsenal de aeronaves diversas, drones e um grupo de ações especiais próximo de Trinidad e Tobago, arquipélago vizinho da Venezuela. No domingo (26), um destróier americano atracou no país, o que levou Maduro a romper acordos energéticos com a nação insular nesta terça (28).

A cereja do bolo foi anunciada na sexta-feira (24), com o envio do maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, o primeiro da nova classe de supernavios que leva seu nome. A belonave estava na costa da Croácia e deve chegar, acompanhada ao menos por parte de sua escolta de destróieres, cruzador e submarino, na semana que vem ao Caribe.

Por ora, é incerto o que Trump quer fazer. Ele já anunciou ter aprovado missões secretas da CIA (Agência Central de Inteligência, na sigla inglesa) visando desestabilizar o regime de Maduro, e o tipo de ativo militar deslocado para a região é típico de intervenções.

O republicano também afirmou que “irá por terra” procurar os traficantes, enquanto mantém uma campanha que matou ao menos 43 pessoas em dez ataques a barcos que supostamente transportavam drogas para os EUA -duas das ações ocorreram no Pacífico, perto da costa da Colômbia, outro país cujo presidente está na mira de Trump.

O esquerdista Gustavo Petro também foi chamado de traficante pelo americano, rompendo de vez os anos de parceria entre a nação andina e Washington. Na semana passada, Trump aplicou a temida Lei Magnitsky, que torna seus alvos párias no sistema financeiro internacional por meio de sanções, contra o político.

O foco principal de Trump, contudo, sempre foi a Venezuela. No seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, ele ameaçou derrubar Maduro diversas vezes. Agora, tem como opções ações de comandos especiais ou um conflito aberto, ainda que invasão seja algo mais complexo, delicado e politicamente difícil.

Maduro também pode ser atacado pelo ar, usando por exemplo os B-1B ou os F-35, mas essas são operações que atraíriam ainda mais críticas à Casa Branca. Há risco também para os americanos: embora não seja páreo para a frota de Trump, Caracas tem em seu arsenal mísseis antinavios russos, chineses e iranianos, que podem fazer estragos difíceis de explicar ao público doméstico nos EUA.

Por fim, toda a pressão pode querer apenas fazer Maduro ceder ou ser derrubado internamente pelos militares que ocupam seu governo. Um golpe palaciano poderia garantir a abertura dos recursos venezuelanos a empresas americanas em troca da manutenção do poder dos fardados, ignorando provavelmente a oposição reprimida.

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