EUA passam a considerar como terrorista cartel que seria chefiado por Maduro

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O regime de Nicolás Maduro na Venezuela chamou de “mentira ridícula” a decisão dos Estados Unidos de designar o Cartel de los Soles como uma organização terrorista supostamente chefiada pelo ditador.
A designação, formalizada mais cedo neste mês, passou a valer nesta segunda-feira (24). Com isso, Washington equipara o grupo, cuja existência é negada por Caracas e contestada por especialistas, a facções criminosas como a venezuelana Tren de Aragua e o mexicano cartel de Sinaloa.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que o governo decidiu pela nova designação do Cartel de los Soles devido ao seu papel na importação de drogas para os EUA. O presidente Donald Trump acusa Maduro de liderar o grupo, o que ele nega.
A mudança ocorreu enquanto o ditador enfrenta pressão crescente de Washington, que determinou uma mobilização militar massiva no Caribe. Maduro também se mostrou preocupado com a possibilidade de que os EUA tentem usar a designação do grupo para justificar uma ação militar na Venezuela. Especialistas afirmam que a medida por si só não autorizaria tal ação.
Maduro sempre negou qualquer envolvimento em crimes e acusa os EUA de tentar derrubá-lo para controlar as vastas reservas de petróleo da Venezuela.
“A Venezuela rejeita categórica, firme e absolutamente a nova e ridícula invenção do secretário do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, que designa o inexistente Cartel de los Soles como uma organização terrorista”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, em sua conta no Telegram.
A medida revive “uma mentira infame e vil para justificar uma intervenção ilegítima e ilegal” contra a Venezuela, acrescentou Gil. “Esta nova manobra terá o mesmo destino das agressões anteriores e recorrentes contra nosso país: o fracasso.”
Segundo a agência de notícias Reuters, os EUA estão prestes a lançar uma nova fase de operações relacionadas à Venezuela nos próximos dias, embora não se saiba o momento exato ou o escopo das novas operações, nem se Trump já tomou uma decisão final para agir.
Até o momento, as ações americanas na região têm se limitado a ataques a barcos supostamente ligados ao narcotráfico e ao posicionamento de tropas, navios de guerras e aeronaves nas águas internacionais caribenhas e territórios americanos ou de aliados próximos à Venezuela.
O Departamento do Tesouro dos EUA já havia designado em julho o Cartel de los Soles -nome que faz referência à insígnia solar usada pelos generais venezuelanos- como um uma organização terrorista, uma medida que congela quaisquer de seus ativos nos EUA e proíbe, de maneira geral, a existência de negócios com pessoas e empresas americanas.
O InSight Crime, uma fundação que analisa o crime organizado, disse em agosto que era uma “simplificação excessiva” afirmar que Maduro lidera o cartel, dizendo que o grupo “é mais precisamente descrito como um sistema de corrupção no qual oficiais militares e políticos lucram trabalhando com traficantes de drogas”.
Em meio ao cenário de tensão, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Dan Caine, deve visitar nesta segunda-feira Porto Rico e um dos navios de guerra da Marinha enviados ao Caribe. Segundo o governo americano, a viagem tem como objetivo agradecer às tropas antes do Dia de Ação de Graças, feriado amplamente celebrado nos EUA, na quinta-feira (27).
O militar ainda programou uma visita a Trinidad e Tobago nesta terça, segundo a embaixada americana no país. Caine deve ter uma reunião com a primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar com foco em “fortalecer a estabilidade regional e a unidade regional sobre a importância vital do combate ao tráfico ilícito e às organizações criminosas transnacionais”, disse o escritório diplomático.
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