Europa sob pressão após navio com 3 mil vacas virar “navio da morte”
A situação do navio Spiridon 2, que circula há mais de dois meses com quase três mil vacas a bordo, levou organizações de proteção animal a exigirem que a Europa intervenha para evitar uma tragédia ao longo do transporte marítimo de animais vivos. O caso, considerado um dos piores dos últimos anos, colocou autoridades e entidades sob forte pressão.
O Spiridon 2 deixou Montevidéu em 20 de setembro com 2.901 bovinos destinados à Turquia. A embarcação chegou ao porto de Bandirma em 22 de outubro, mas foi impedida de atracar por falhas de documentação e divergências na identificação dos animais. Sem autorização, o navio ficou quase um mês parado em alto-mar até ser obrigado a retornar. Agora, segue em direção à Líbia antes de voltar ao Uruguai, com previsão de chegada no meio de dezembro.
Segundo a AWF e a Oipa, metade das vacas estaria prenhe. As entidades afirmam que mais de 140 bezerros nasceram durante a viagem, sem qualquer informação sobre sua sobrevivência. Há ainda o registro de 58 mortes confirmadas a bordo, com carcaças em decomposição no interior da embarcação. As organizações descrevem o Spiridon 2 como “um navio da morte”, alegando que os animais vivem sobre fezes acumuladas, sem ventilação adequada, sem descanso e possivelmente sem abastecimento recente de ração, água ou cuidados veterinários.
O governo turco justificou a recusa ao navio citando ausência de brincos e chips eletrônicos e inconsistências entre a carga e a documentação entregue. Autoridades uruguaias, porém, apontam que a disputa seria comercial, não sanitária.
Diante da situação, grupos de proteção animal pedem que a União Europeia intervenha imediatamente. As entidades querem inspeções obrigatórias em portos, mudanças na legislação e mecanismos que impeçam que navios continuem navegando com animais em condições extremas. Segundo a Oipa, se nenhuma ação for tomada, “parte do rebanho pode não sobreviver até o desembarque”.
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