Fundador da SAFiel teve acesso a dados financeiros sigilosos do Corinthians

Publicado em: 08/11/2025 14:10

LIVIA CAMILLO E FÁBIO LÁZARO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um dos idealizadores do projeto SAFiel, Maurício Chamati participou durante sete meses do Comitê Independente de Finanças do Corinthians, entre setembro de 2024 e abril de 2025.

Ao fazer parte do grupo, criado à época por Pedro Silveira, então diretor financeiro do Timão, Chamati assinou um termo de confidencialidade para evitar o vazamento ou a utilização de forma pessoal de informações priviegiadas.

O QUE DIZ O TERMO ASSINADO POR CHAMATI?
No documento, ao qual o UOL teve acesso, o empresário se comprometeu a manter absoluto e irrestrito sigilo durante o prazo de cinco anos em relação às informações recebidas no período em que fez parte do grupo.

No contrato de confidencialidade, os participantes do CIF se comprometeram a guardar, proteger, devolver e destruir as informações divulgadas em âmbito do coletivo.

O Corinthians não deu continuidade ao Comitê Independente de Finanças após Pedro Silveira se afastar da diretoria financeira do clube, em abril deste ano, por questões de saúde.

De toda forma, o compromisso de confidencialidade estava firmado contratualmente até mesmo após o fim do grupo.

Poucos meses antes do fim da comissão, em meados de fevereiro, Maurício Chamati iniciou o movimento de montagem da SAFiel junto aos também empresários Carlos Teixeira e Eduardo Salusse. A oficialização ocorreu no dia 28 de outubro.

A reportagem apurou que a relação de um dos fundadores da SAFiel com o Comitê Independente de Finanças gera desconfiança sobre a utilização de dados sensíveis em benefício do projeto.

COMPLIANCE NÃO VÊ CONFLITO DE INTERESSE NA SAFIEL, MAS FAZ ALERTA
O compliance corintiano não identificou eventual conflito de interesse da empresa “Invasão Fiel S.A” com o Corinthians.
A marca em questão corresponde à entidade formada por torcedores que se tornariam acionistas, com o objetivo de captar recursos para sanar as dívidas do Timão, caso a SAFiel seja aprovada pelo clube.

Por sua vez, o compliance do Corinthians apontou algumas bandeiras vermelhas a respeito do envolvimento de Mauricio Chamati como um dos sócios da “Invasão Fiel S.A”.

Entre esses apontamentos estão: a relação de Chamati com a empresa “Mercado Bitcoin”, que em 2023 foi condenada a pagar R$ 300 milhões a um cliente por golpe envolvendo ex-sócio, um Processo Investigatório Criminal (PIC) contra Maurício por estelionato, e suposto envolvimento do empresário com o presidente Augusto Melo, através de doação feita ao dirigente que sofreu impeachment no início de agosto.

APOIADORES DA SAFIEL ACHAM SUSPEIÇÃO DESPROPORCIONAL
Pessoas ligadas à ideia de SAF no Corinthians apontaram que suspeitar de uma proposta legítima em razão da assinatura de um termo de confidencialidade é algo desproporcional.

Também foi mencionado que a adesão ao documento é comum quando se tem acesso a determinadas informações, ideias e projetos, e que isso caracteriza um compromisso de sigilo com o acesso.

Fontes ligadas a Maurício Chamati ainda afirmaram à reportagem que o empresário não teve acesso a informações relevantes no período em que fez parte do Comitê Independente de Finanças.

Em contato com a reportagem, a SAFiel, por meio da sua assessoria, afirmou que Chamati “nunca teve cargo ou foi remunerado por isso (participar do CIF), tampouco usou qualquer informação das poucas apresentadas fora deste fórum”.

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