
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
Fux defende Bolsonaro e expõe contradições no STF
Ministro mostra coragem ao pedir anulação, mas corte segue desacreditada
Por Cláudio Ulhoa
Em meio ao turbilhão político e jurídico que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, uma voz no Supremo Tribunal Federal se ergueu com lucidez: a do ministro Luiz Fux. Em seu voto, ele lembrou que manifestações violentas, como as de 2013 ou mesmo os protestos contra Michel Temer, jamais foram enquadradas na lei de segurança nacional. Esse paralelo não apenas expôs a incoerência da corte, como também revelou um gesto raro de equilíbrio e justiça.
Fux, ao defender a anulação do julgamento de Bolsonaro, demonstrou coragem e sabedoria. Foi um posicionamento que resgatou valores básicos de equidade e respeito à história recente do país. Num tribunal cada vez mais distante da sua missão original e manchado por decisões de caráter político, ele se mostrou um homem de valor, capaz de olhar para além das conveniências ideológicas.
No entanto, a grande questão permanece: será que os demais ministros terão a mesma postura? O histórico do STF não é animador. Tornou-se comum ver a corte agir de forma seletiva, endurecendo contra uns e aliviando para outros. A fala de Fux, por mais correta e necessária, parece isolada diante de um plenário já desacreditado pela opinião pública.
Por isso, ainda que mereça reconhecimento e gratidão pelo gesto, é improvável que sua posição ganhe eco entre os colegas de toga. O Supremo, infelizmente, já não transmite a imagem de uma corte séria, e essa talvez seja a maior derrota para a democracia brasileira.