Galípolo defende reformas para controlar a inflação com juros baixos
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (9/7) que o Brasil precisará adotar “uma série de medidas” coordenadas para garantir um ambiente econômico com inflação sob controle e juros estruturalmente mais baixos.
Durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Galípolo rejeitou soluções simplistas para a atual conjuntura e destacou que o país enfrenta desafios específicos que exigem respostas estruturais.
“Não vai ter uma bala de prata, não vai ter uma vitória por ippon. A gente vai ter que fazer uma série de medidas”, declarou. Segundo ele, a política monetária sozinha não será suficiente para enfrentar os gargalos que mantêm o Brasil em um ciclo de juros elevados e inflação persistente.
Apesar de sucessivas altas da taxa Selic nos últimos anos, Galípolo reconheceu que os efeitos dessa política são reduzidos por mecanismos que garantem o acesso ao crédito a taxas subsidiadas ou com menor custo. “Essas vacinas são compreensíveis, têm um papel social relevante, mas acabam limitando a efetividade do aperto monetário”, afirmou.
O presidente do BC argumentou que a “normalização da política monetária” exige um esforço nacional e reformas que extrapolam a alçada do BC.
Inflação resiliente
Em apresentação aos parlamentares, Galípolo alertou que a inflação no Brasil segue acima da meta e continua disseminada entre diversos setores da economia. Ele destacou que o mercado de trabalho permanece aquecido e vem surpreendendo, o que contribui para a pressão sobre os preços.
Apesar disso, o chefe da autoridade monetária pontuou que a valorização do real em 2025, mais intensa que a de moedas de países comparáveis, foi impulsionada pelo chamado carry trade — estratégia de investidores estrangeiros que se beneficiam da alta rentabilidade da moeda brasileira em função dos juros elevados.
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“Queremos conviver com uma taxa de juros que produza o mesmo efeito de controle da inflação, porém em um patamar mais próximo dos nossos pares”, destacou.
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