Haddad defende força-tarefa para definir prioridades em negociação com EUA sobre tarifa
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o governo faça uma força-tarefa para encontrar os “pontos que estão pegando” na negociação tarifária entre Brasil e Estados Unidos para que o tema seja resolvido o mais rápido possível.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta quinta-feira (17), Haddad disse que “o pior que pode acontecer” é o país abrir duas frentes separadas de negociação, argumentando que não faz sentido que tratativas sejam feitas por governadores.
Anunciada pelo governo do presidente Donald Trump, a sobretaxa de 50% sobre importações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. “A maioria dos empresários com quem nós conversamos diz que o (alongamento do) prazo é bom, mas ele não resolve, porque os contratos vão sendo fechados. Se você prolonga isso também demais, vai perder muitos negócios”, afirmou o ministro.
“O ideal é que haja uma força-tarefa rápida, coloque os pontos, olhe o que está pegando, o que nós podemos fazer para que possamos sair dessa situação o mais rapidamente possível. A determinação do presidente Lula é que nós tenhamos um mapa de tudo rapidamente”, comentou Haddad.
O ministro disse que não trabalha com a hipótese de que a tarifa não seja revertida porque a taxação acabará prejudicando a economia dos Estados Unidos, que demanda uma série de produtos do Brasil.
“Qual é o sentido de taxar suco, café, carne? São coisas que vão encarecer o café da manhã do americano. Então, vai vendo como isso não faz muito sentido, do ponto de vista econômico”, avaliou.
Haddad voltou a atribuir a responsabilidade pela tarifa anunciada por Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus parentes. Para ele, a família Bolsonaro é “um problema para o país inteiro” e não faz “um gesto diante do caos e do pavor que eles estão gerando em segmentos econômicos importantes”.
Ao ser questionado sobre o Pix ter sido incluído como um dos motivos pelos EUA para investigação comercial, Haddad disse que o sistema de pagamento não será alterado.
“Os Estados Unidos deveriam estar copiando o Pix. O Pix pode ser exportado como uma tecnologia que vai facilitar muito a vida das pessoas. Você não se incomoda com criptomoeda e vai se incomodar com o Pix? Qual é o sentido disso? É difícil compreender”, afirmou.
Haddad evitou atrelar a menção ao Pix a um possível lobby das empresas de cartão de crédito e das big techs, que estariam sendo afetadas pelo sistema de pagamento. “É só lobby das empresas de cartão de crédito? É disso que nós estamos falando? Isso não está claro para nós”, apontou.
Questionado sobre a possibilidade de apresentação de reformas estruturais ao Congresso, como uma revisão dos pisos de despesa com saúde e educação, Haddad afirmou que o governo não está conseguindo “aprovar o mais fácil” e questionou qual seria a expectativa de aprovar temas mais difíceis.
“Nós temos que ter uma conversa franca, porque dependo de voto. Não adianta você mandar uma coisa para lá (Congresso) para ficar bem perante a Faria Lima e não ter noção de como as coisas vão se processar”, afirmou.
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