Economista alerta que a falta de cortes e transparência nas contas públicas pode afastar investidores e aumentar a pressão sobre o governo
Por Cláudio Ulhoa
A ausência de um plano fiscal sólido por parte do governo tem gerado tensão nos mercados e aumentado o ceticismo entre investidores. Segundo o economista José Alfai, do Rio Bravo Investimentos, a demora em anunciar medidas concretas reflete a dificuldade do governo em equilibrar as demandas sociais e as exigências fiscais. Esse impasse se agrava pela pressão política, já que o PT, enfraquecido nas recentes eleições, evita cortes de gastos em áreas sensíveis, como seguro-desemprego, saúde e educação.
A falta de clareza nas projeções fiscais, somada ao adiamento de decisões cruciais, eleva a insegurança no mercado financeiro, que teme uma política fiscal inconsistente. Para Alfai, enquanto ajustes estruturais não forem implementados, o impacto será negativo para o desempenho do dólar e da bolsa. Ele ressalta que o governo enfrenta uma difícil escolha: se mantiver a rigidez nos gastos, terá dificuldades nas próximas eleições; se não fizer ajustes, a sustentabilidade fiscal será prejudicada, afastando investidores e desestabilizando a economia.
Diante desse cenário, o economista sugere revisar indexações de despesas obrigatórias, especialmente na Previdência, como alternativa para reduzir o crescimento descontrolado dos gastos sem comprometer os benefícios sociais. Com a dívida pública em ascensão, Alfai conclui que uma decisão firme é essencial para garantir a confiança do mercado e a estabilidade econômica do país.