Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa

Itamaraty sem verba expõe o colapso silencioso do governo Lula

Publicado em: 21/10/2025 12:06

Pedido de R$ 352 milhões para despesas básicas revela a fragilidade de uma gestão que arrecada como nunca, mas gasta sem rumo e sem planejamento

Por Cláudio Ulhoa

O recente pedido do Itamaraty por R$ 352 milhões para cobrir despesas de custeio é um sinal de alerta que o governo Lula parece insistir em ignorar. Quando até o Ministério das Relações Exteriores, símbolo da diplomacia brasileira, precisa “passar o chapéu” para pagar contas básicas de papelaria, higiene e alimentação, o problema deixa de ser pontual e passa a ter nome e sobrenome: má gestão.

O Brasil vive um paradoxo fiscal. A carga tributária chegou a um recorde histórico, representando 34% do PIB, e a arrecadação federal deve beirar os R$ 4 trilhões em 2025. Nunca se cobrou tanto do contribuinte. Ainda assim, o governo diz não ter dinheiro para o básico. Como explicar esse descompasso entre arrecadação recorde e rombo crescente? A resposta parece estar na lógica política de um governo que prioriza a sobrevivência eleitoral em detrimento da responsabilidade fiscal.

Enquanto o país se endivida para sustentar programas sociais e gastos fora do orçamento, como o Bolsa Família e o Pé de Meia Jovem, o Tesouro sangra e o contribuinte paga a conta. É o velho populismo fiscal disfarçado de “cuidado social”: gasta-se hoje para garantir aplausos, deixando o amanhã à beira do colapso. A própria ministra do Planejamento, Simone Tebet, admitiu que, sem reformas, o Brasil enfrentará um colapso fiscal em 2027. A pergunta que ecoa é simples: alguém no Planalto está ouvindo?

O Itamaraty, instituição estratégica para as relações internacionais, não deveria ser o termômetro da falência administrativa. Se falta dinheiro até para manter o mínimo, o que esperar de setores como saúde, educação e segurança? O governo Lula demonstra ser um mestre na arte da arrecadação, mas um amador na execução orçamentária. Gasta-se mal, sem prioridade, sem planejamento e sem transparência.

O discurso de “volta do Estado forte” parece se traduzir em um Estado pesado, inchado e ineficiente. Fala-se em desenvolvimento, mas ignora-se que o desenvolvimento exige equilíbrio fiscal, estabilidade e confiança. Sem isso, o país caminha para um abismo previsível: inflação crescente, juros altos e paralisia econômica.

O drama do Itamaraty é apenas o retrato de um governo que perdeu o rumo. O problema não é a falta de dinheiro, é a falta de gestão. Lula prometeu reconstruir o Brasil, mas o que se vê é um castelo de areia prestes a desabar sob o peso das próprias contradições. E quando o colapso vier, não bastará pedir mais R$ 352 milhões.

Compartilhar

Faça um comentário