Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa

Lula promete investigar filho? Só rindo…

Publicado em: 19/12/2025 12:01

Presidente diz que até Lulinha seria investigado no caso INSS, mas a fala soa mais a espetáculo político do que compromisso real com a verdade

Por Cláudio Ulhoa

Lula quebrou o silêncio sobre a suspeita envolvendo o filho Lulinha no escândalo do INSS. E, olha, se a intenção era passar credibilidade, o tiro saiu pela culatra: o presidente apareceu dizendo que “se tiver filho meu metido nisso, será investigado”. Que lindo, né? Parece até discurso de porta de cadeia: todo mundo é culpado até provar que é filho do chefe.

Quando Lula afirma, em tom messiânico, que “ninguém será poupado”, a impressão real é que ele está descrevendo um Brasil que só existe em universo paralelo. No mundo físico, aqui mesmo no planeta Terra, em Brasília, investigações envolvendo familiares do presidente costumam seguir a regra não escrita da política nacional: investiga-se até onde o fio não encosta no poder. Aí o plug é puxado da tomada.

O momento mais sublime da fala presidencial, digno de arquivo de comédia política, aconteceu quando Lula garantiu que até seu pai seria investigado… se não estivesse morto. Genial. Faltou apenas prometer que, se o cachorro de estimação de 1975 tivesse desviado verba, viraria réu também. É aquele humor involuntário que só surge quando o orador acredita estar entregando seriedade.

Haddad foi citado. Tadinho. O ministro deve ter sentido o gelo subindo pela coluna ao ouvir seu nome no discurso. Lula jogou para a plateia o exemplo perfeito: “se Haddad estiver envolvido, será investigado”. A gente ouviu a frase e pensou: tá, e quando é que a realidade começa? Desde quando ministros poderosos são investigados seriamente em governos que se pretendem reeleitos?

Essa conversa toda sobre “investigação ampla e irrestrita” soa tão sincera quanto promessa de réveillon: na prática, fica tudo parecido com “segunda-feira eu começo a dieta”. Pode investigar à vontade, desde que ninguém importante seja pego. No Brasil, investigar filho de presidente é igual a encontrar nota fiscal em gabinete político: existe, mas ninguém nunca viu funcionando perfeitamente.

E o mais divertido é observar o contraste entre a fanfarra do discurso e a calmaria do resultado: Lula blindado, governo blindado, aliado protegido, oposição perdida e o país assistindo a um espetáculo de moralidade improvisada. Se o objetivo era convencer, convenceu, convenceu que nada vai mudar.

Mas para não dizer que fomos injustos, a fala do presidente teve utilidade: serviu como roteiro de stand-up gratuito para o contribuinte. Pelo menos, rimos um pouco enquanto pagamos a conta.

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