Mel Lisboa vive vítima de abuso que vira justiceira no filme ‘Atena’
ADRIELLY SOUZA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em “Atena”, que estreia nesta quinta-feira (31) nos cinemas, Mel Lisboa surge em cena mostrando que consegue ser intensa, combativa e fazer justiça com as próprias mãos. Para dar vida à personagem-título -uma mulher marcada por traumas profundos e transformada em uma justiceira- a atriz passou por um processo rigoroso de preparação física e emocional.
“Foi um trabalho que exigiu muito. Fiz aulas de jiu-jítsu, ensaiei coreografias de luta e trabalhei o sotaque gaúcho, já que o filme se passa no sul. Foi um mergulho total na personagem”, conta à reportagem.
Dirigido por Caco Souza, “Atena” acompanha a trajetória de duas mulheres, sobreviventes de abusos, que formam um grupo clandestino para atrair, capturar e julgar agressores. Elas atuam como um tribunal paralelo, dando voz e resposta a outras vítimas que não encontraram justiça pelos meios convencionais.
A trama se desenrola a partir da perspectiva de Carlos (Thiago Fragoso), um repórter investigativo que começa a seguir o grupo de perto.
Mel explica que sua personagem é movida pela dor e pela dureza da vida, mas guarda, em algum lugar, resquícios de bondade. “Ela é uma mulher muito machucada pelo tempo e pela violência. Tentei trabalhar essa dualidade, essa força que vem da dor, mas que ainda sabe acolher. Foi um desafio encontrar esse tom”, afirma.
Caco Souza reforça a complexidade da protagonista. “A grande dificuldade foi não cair na armadilha de fazer dela uma heroína inatingível ou apenas uma vingadora. Atena é humana, cheia de conflitos. Buscamos esse equilíbrio, essa tensão entre a justiça e a vingança, entre o certo e o errado.”
A produção foi gravada durante a pandemia, sob circunstâncias difíceis. A equipe ficou hospedada em Gramado, no Rio Grande do Sul. “A gente formou uma equipe muito coesa, tudo foi feito com muita parceria. Estávamos em um momento delicado do mundo e nos unimos ainda mais pelo projeto”, lembra Mel.
Mais do que um filme de ação, Caco firma que “Atena” se propõe a provocar o espectador. “A arte tem esse poder. Você lê uma notícia e aquilo parece distante, mas quando vê uma obra de arte, sente de forma diferente. A ideia é justamente sensibilizar, abrir espaço para o debate”, diz Mel.
O filme aborda também a falência de estruturas institucionais. “A justiça é um conceito muito importante. Mas a vingança vem quando essa justiça falha, quando não é feita como deveria. A personagem da Atena nasce nesse espaço onde o sistema não protege quem deveria”, pontua.
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