Mobilização, estratégia, composição e coragem para reconfigurar a política

Publicado em: 11/07/2025 13:30

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Vivemos uma conjuntura política intensa, com disputas ideológicas acirradas e embates cruciais para o futuro do país. Desde o início do ano, aqui na coluna e no canal (https://www.youtube.com/@Aquestaopolitica), venho alertando que a saída para a crise não passa apenas por análises frias de gabinete, mas por uma retomada da mobilização popular. O enfrentamento à extrema direita exige mais do que críticas ao governo — exige ação direta, articulação entre os movimentos sociais e coragem para colocar a política no centro do debate.

No meu primeiro artigo aqui na coluna em janeiro (https://vermelho.org.br/coluna/a-crise-da-esquerda-uma-contribuicao-ao-debate/), já apontava as causas dessa crise, os ataques que sofremos e o cenário internacional que pesa sobre nós. Mas também deixava claro que há, sim, uma saída: recuperar o nosso DNA, retomar as pautas populares e colocar a luta de classes de volta à cena. Por mais que digam que a história acabou, ela está viva — e pulsando nas ruas.

Como dizia o velho Brizola: se você está perdido no meio da confusão política, olhe para a Globo. Se estiver contra ela, fique tranquilo, você está bem. Porque a paz que querem nos vender não é paz verdadeira — é a paz dos cemitérios, da miséria para muitos e da opulência para poucos.

A esquerda começa a se reorganizar e a retomar as rédeas do debate político. Quando abandona a pequena política e passa a abraçar pautas estruturantes — como o fim da escala 6 por 1 e a taxação dos super ricos, ambas materializadas no plebiscito popular nacional — a reação dos setores conservadores é imediata. A direita entra em estado de alerta, ciente de que a política brasileira está, de fato, passando por uma reconfiguração.

Os movimentos sociais voltaram às ruas. Com isso, Lula sentiu o respaldo popular, elevou o tom e assumiu posições mais firmes – mesmo sem ainda ter base sólida na Câmara, já tem apoio na sociedade. E esse é um avanço importante.

O caminho é claro: a presença ativa da esquerda e dos movimentos sociais nas ruas, impulsionando pautas concretas que dialogam diretamente com as necessidades do povo, aliada a um governo que propõe políticas públicas voltadas ao interesse da maioria. Essa convergência fortalece o debate político e amplia seu alcance. E é justamente essa sintonia que precisa ser convertida em estratégia sólida. O segundo semestre de 2025 deve ser um tempo de mobilização intensa, reorganização das forças populares e provocações estruturantes. Já estamos aquecendo as máquinas — e a ideia é entrar em 2026 com a musculatura política necessária para disputar e transformar.

Paralelamente, precisamos pensar em nossas nominatas ao Senado e à Câmara de Deputados, bem como aos executivos estaduais. A disputa eleitoral exige nomes fortes. A extrema direita já se movimenta — os filhos de Bolsonaro, Michele, e outros nomes orgânicos do bolsonarismo miram as vagas ao Senado. Nós não podemos assistir passivamente.

No Rio Grande do Sul, temos potencial real de vitória. Manuela D’Ávila é um nome capaz de garantir uma das vagas ao Senado, caso decida concorrer. Mas precisamos de mais: uma composição ampla, envolvendo PT, PDT, PCdoB, PSB, PSOL e setores que orbitam entre os campos políticos, pode levar ao segundo turno e até à vitória.

É também hora de pensar estrategicamente na Câmara dos Deputados. Precisamos de grandes nomes: Tarso Genro, Miguel Rossetto, Beto Albuquerque, Juliana Brizola. São lideranças com trajetória, representatividade e força simbólica e seriam importantes para mudar a correlação de forças no Congresso Nacional. É evidente que suas candidaturas dependem de decisões pessoais e partidárias, mas são exemplos do tipo de protagonismo que precisamos resgatar.

Um ponto relevante, que representaria uma jogada política inteligente, seria Lula lançar Alckmin como candidato ao governo de São Paulo. Essa movimentação tiraria Tarcísio da zona de conforto, forçando o campo conservador paulista a voltar sua atenção ao próprio território. Isso criaria um novo eixo político e poderia reconfigurar a disputa presidencial, ao afastar da corrida nacional aquele que hoje é considerado o nome mais competitivo da direita.

A esquerda precisa também compreender que comunicação é chave. Entretanto, não podemos reproduzir os métodos da extrema direita – não há espaço para fake news ou discurso de ódio no nosso campo político. Mas a linguagem precisa mudar. Vídeos, memes, crítica com humor e conteúdo: é isso que estamos fazendo agora, e com sucesso. Essa virada na comunicação, associada a pautas concretas, está funcionando — e incomodando quem estava confortável no topo da narrativa pública.

Nosso papel é seguir em frente — com mobilização popular nas ruas, candidaturas estratégicas nas urnas e enfrentamento direto ao conservadorismo. A história está longe de acabar; ela está sendo escrita neste exato momento, nas redes, nas praças, nas vozes que se recusam a silenciar. E a construção de 2026 já começou — com coragem, organização e luta.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho


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