
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
Moraes entre a toga e a trincheira | Quando o ministro vira militante
Ao se comparar a heróis democráticos e atacar adversários, Moraes reforça o autoritarismo que diz combater
Por Cláudio Ulhoa
A recente entrevista do ministro Alexandre de Moraes à revista americana The New Yorker revela mais do que declarações polêmicas: escancara uma postura que flerta perigosamente com o autoritarismo, travestido de defesa da democracia. Ao comparar o cenário brasileiro atual com o nazismo, Moraes não apenas banaliza um dos períodos mais sombrios da história, como tenta justificar medidas de exceção com supostos “fins nobres”.
A provocação ao presidente Donald Trump e o deboche ao mencionar um porta-aviões no Lago Paranoá não são meras ironias: são símbolos de um ministro que perdeu a liturgia do cargo e adota o palco internacional para reforçar sua figura de “salvador da pátria”. No entanto, o que se vê, de fato, é um STF que concentra poder e silencia vozes dissonantes, enquanto se apresenta como guardião da ordem.
A ameaça de sanções internacionais, como a aplicação da Lei Magnitsky, mostra que as ações do ministro estão sob observação – e com razão. O discurso de que “a democracia está sob ataque” tem servido como justificativa para práticas que atropelam garantias constitucionais e minam o Estado de Direito.
Não cabe ao Supremo salvar regimes. Cabe-lhe, sim, respeitar e fazer respeitar a Constituição. O resto é vaidade institucional.