MP-SP diz que Corinthians dificulta investigação contra ex-presidentes
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Em ação cautelar, o MP-SP apontou que o Corinthians não está colaborando com a investigação que tem como alvos ex-presidentes do clube.
‘INÉRCIA DO CLUBE’ INCOMODA MP
A apuração, que teve início em 29 de julho de 2025, tem foco no uso de cartões corporativos e a legalidade dos gastos da presidência do Corinthians entre o início de 2018 e 26 de maio de 2025. O período compreende as gestões de Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo.
A petição afirma que as solicitações de documentos financeiros foram dificultadas pela “desorganização administrativa”, “inércia do clube” e até por “furtos e supressões de alguns documentos”. Além disso, o MP cita que ex-dirigentes podem estar obstruindo a investigação sobre possíveis crimes como apropriação indébita, furto, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Isso porque, mesmo após pedido de documentação à Ouvidoria do clube, em 31 de julho de 2025, o MP-SP não recebeu nenhuma resposta. Roberto Gavioli, superintendente financeiro, havia prometido entregar os documentos em audiência no dia 7 de agosto, mas o prazo de 10 dias úteis expirou sem que fossem fornecidos.
Para a promotoria, a presença dos investigados nos órgãos ligados conselhos do clube também cria um “conflito de interesses” que prejudica o andamento das investigações. Um dos exemplos usados foi o de Duílio que, mesmo sendo investigado, votou para que o Conselho de Ética do clube apurasse os gastos pessoais de Andrés Sanches.
Reponsável pelo caso, o promotor Cassio Roberto Conserino ressaltou que o cenário investigativo é “ainda incipiente, mas promissor”, com “indícios veementes de vários crimes” ocorridos nas últimas três gestões.
O QUE DIZ ANDRÉS SANCHEZ
Andrés Sanchez, por meio de sua defesa conduzida pelo advogado Fernando José da Costa, reafirma que sua atuação à frente do Sport Club Corinthians Paulista sempre se pautou pela legalidade, responsabilidade e compromisso institucional.
A defesa ressalta que o pedido formulado pelo Ministério Público, referente à medida cautelar de afastamento temporário dos Conselhos Deliberativos, de Orientação ou de qualquer outro do clube não representa juízo de culpa, tratando-se apenas de providência de natureza processual. Por essa razão, Andrés Sanchez manifesta sua plena confiança na Justiça e na condução imparcial das investigações.
O ex-presidente permanece à inteira disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários e apresentar toda a documentação apta a comprovar a regularidade de sua gestão e de sua atuação no âmbito do clube.
O QUE DIZ AUGUSTO MELO
A defesa do ex-presidente Augusto Melo esclarece que, muito embora o pedido formulado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo vise o afastamento de alguns conselheiros e, de forma reflexa, pretenda também alcançar o nome do ex-presidente, é importante destacar que, da parte de Augusto Melo, não há qualquer objeção, resistência ou receio em relação a tal medida.
Durante toda a sua gestão à frente do Sport Club Corinthians Paulista, Augusto Melo pautou sua conduta pela transparência e pela responsabilidade, a ponto de jamais ter feito uso de seu cartão corporativo. Assim, entende que eventual apuração, longe de representar qualquer ameaça, apenas reforçará sua idoneidade e demonstrará, de maneira inequívoca, que sempre agiu com zelo e probidade na administração do clube.
Por essa razão, recebe com absoluta serenidade a iniciativa do Ministério Público, reafirmando que não teme qualquer investigação e que está convicto de que a verdade dos fatos evidenciará sua postura correta e responsável diante do Corinthians e de sua torcida.
O ex-presidente Duílio Monteiro Alves foi procurado, mas não retornou. A reportagem será atualizada assim que Duílio queira se manifestar.