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O argumento usado por Trump é de que tecnologias como o Pix, amplamente adotadas no Brasil, estariam “inspirando” demais o sistema financeiro norte-americano — e, para alguns setores mais nacionalistas dos EUA, isso é motivo de alerta. Junto disso, o governo norte-americano voltou a falar em barreiras tarifárias a produtos brasileiros, numa tentativa de proteger o mercado interno e reequilibrar a balança comercial.

Mas no meio de tantas críticas, fica a pergunta: o que o Brasil tem que tanto incomoda, ou encanta, os gringos? Do pagamento instantâneo à farofa crocante, passando pelo carnaval, pela biodiversidade amazônica e até pelo carismático vira-lata caramelo, o Brasil reúne invenções, sabores e expressões culturais únicas que despertam, sim, curiosidade em outras nações. Inclusive nos Estados Unidos.

Em tempos de globalização e troca constante de ideias, não faltam motivos para os brasileiros lembrarem o quanto o país já entregou ao mundo, e o quanto ainda guarda de bom para si. Do futebol à tecnologia bancária, passando por festas populares e soluções inovadoras em políticas públicas, reunimos aqui 12 coisas que só o Brasil tem, e que poderiam ser copiadas pelo resto do planeta.

1. Pentacampeonato: “todo mundo tenta, mas só o Brasil é penta”

Enquanto os americanos ainda discutem se “soccer” merece atenção, o Brasil já se consagrou como potência máxima do futebol mundial. São cinco títulos da Copa do Mundo, um feito que nenhuma outra seleção igualou, e um legado de craques que vai de Pelé e Romário a Marta, Ronaldo, Vini Jr e Neymar.

A alcunha de “país do futebol” ficou ainda mais evidente durante a Copa do Mundo de Clubes 2025 realizada nos Estados Unidos, em que os times brasileiros enfrentaram e surpreenderam alguns dos maiores e mais tradicionais campeões europeus.

O sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil em 2020 virou referência global. Gratuito, disponível 24 horas por dia e com liquidação em segundos, o Pix revolucionou a maneira como os brasileiros movimentam dinheiro.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, pagamentos entre bancos ainda podem ser lentos, burocráticos e muitas vezes envolvem tarifas, além da resistenete cultura do cheque. O desconforto do governo Trump em relação ao avanço dessa tecnologia brasileira mostra que existe incômodo quando a inovação vem do Sul global.

Desde 1996, o Brasil adotou a urna eletrônica como principal instrumento de votação. Em menos de 24 horas, os resultados de eleições com milhões de eleitores são divulgados com precisão. Nos Estados Unidos, o sistema eleitoral ainda enfrenta problemas com contagens demoradas, atrasos, suspeitas de fraude e longas filas.

A urna brasileira, apesar de alvo de campanhas de desinformação, é admirada por especialistas em segurança digital e é exemplo de eficiência tecnológica em larga escala.

Muita gente não sabe, mas o chuveiro elétrico que temos na nossa casa, foi criado por um brasileiro, no século passado, chamado Francisco Canho. Com instalação simples e custo acessível, ele permite banhos quentes mesmo em regiões com pouca infraestrutura.

Nos EUA, aquecer a água exige caldeiras robustas, encanamentos específicos e, frequentemente, manutenção cara. O nosso sistema é um exemplo de engenharia adaptada às condições reais da população, algo que falta em muitos países ricos.

5. Amazônia e a maior biodiversidade do planeta

Com seis biomas distintos e a maior floresta tropical do mundo, o Brasil abriga uma biodiversidade sem igual. Ou seja, nenhum outro país chega perto da nossa abundância em recursos naturais. Estima-se que mais de 20% das espécies de plantas e animais do planeta estejam em território brasileiro.

Essa variedade de paisagens e ecossistemas faz do país um ponto ambiental de importância global, essencial para o equilíbrio climático de diversos ecossistemas no mundo. A Amazônia, por si só, regula parte do clima global e é muito importante para a estabilidade ambiental da Terra. Dessa maneira, m tempos de crise climática, a importância do Brasil para o futuro do planeta é inquestionável.

6. Sistema Único de Saúde (SUS)

Criado pela Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde atende todos os brasileiros, sem exceção, da vacinação básica a tratamentos de alta complexidade, como transplantes. Durante a pandemia de Covid-19, o SUS foi peça-chave na resposta sanitária nacional.

Mesmo com desafios estruturais, é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, e um exemplo de política pública que muitos países desenvolvidos ainda não conseguiram implementar.

Um estudo da Universidade de São Paulo publicado na Science revelou que o genoma brasileiro é um dos mais diversos do mundo, com 8,7 milhões de variantes genéticas inéditas. Isso é reflexo direto da complexa miscigenação de povos indígenas, africanos, europeus, asiáticos e migrantes recentes.

O Brasil é, em termos biológicos, uma síntese viva do planeta, e essa diversidade também se reflete na cultura, na música, na gastronomia e até na medicina.

8. Sabores únicos: guaraná, cachaça, brigadeiro e farofa

Com origens enraizadas em matrizes indígenas, africanas e europeias, a culinária brasileira reflete séculos de encontros, adaptações e reinvenções. Em cada região, ingredientes locais e tradições ancestrais moldaram pratos únicos, como o tacacá amazônico, o baião de dois nordestino, a feijoada carioca, o pato no tucupi paranaense ou o churrasco gaúcho.

Produtos como o guaraná, cultivado por povos indígenas há séculos, conquistaram o paladar global em forma de refrigerante. A cachaça, muitas vezes subestimada no exterior, é a terceira bebida destilada mais consumida do mundo, base da caipirinha.

Já o brigadeiro, criado na década de 1940, se transformou em ícone afetivo nacional que ultrapassa gerações e é presença obrigatória em festas infantis, casamentos, aniversários, lanches e sobremesas. Outro expoente que não pode ficar de fora dessa lista é a tradicional coxinha de frango, outra protagonista nos bares, festas e celebrações.

Há também a farofa, um acompanhamento versátil e tipicamente brasileiro, feito à base de farinha de mandioca, ingrediente central da culinária indígena, com bacon, cebola, banana ou o que mais a criatividade permitir.

9. Vira-lata caramelo: o mascote não oficial do Brasil

Com sua pelagem dourada, olhar pidão e jeito resiliente, o vira-lata caramelo virou símbolo afetivo do Brasil. Presente nas ruas de norte a sul, ele foi adotado como ícone da cultura popular, representando o espírito de adaptação, simpatia e resistência do povo brasileiro.

Mais que um meme, virou estátua, estampou campanhas e ganhou status de patrimônio emocional, um exemplo de como aqui até mesmo um cachorro de rua pode se transformar em símbolo de identidade nacional.

Ícone do boteco, da padaria e da casa da avó, o copo americano é uma invenção 100% nacional. Criado em 1947 pela fabricante Nadir Figueiredo, seu nome confunde, mas o design é brasileiro até o último milímetro, tanto que faz parte da coleção permanente do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, como exemplo de funcionalidade e estética simples.

Com seus 190 ml e suas oito facetas, ele serve café, cerveja, água e até cachaça. É tão versátil que virou símbolo da mesa de bar, da pausa no trabalho e da cultura popular brasileira.

11. Carnaval e festa junina

O Brasil é um dos poucos países que transformou festas populares em plataformas complexas de expressão cultural e desenvolvimento econômico. O Carnaval, com seus desfiles monumentais, blocos de rua e programação descentralizada, emprega dezenas de milhares de pessoas e movimenta mais de R$ 8 bilhões por ano. As escolas de samba, por exemplo, atuam como verdadeiras fábricas, onde se cruzam música, design, dança, artesanato e narrativa histórica.

As festas juninas, por sua vez, têm enorme força nas regiões Norte e Nordeste, com destaque para cidades como Campina Grande (PB)e Caruaru (PE), que recebem milhões de visitantes e geram impactos econômicos diretos no comércio local.

Tanto o Carnaval quanto as festas juninas são, antes de tudo, expressões culturais que mostram para o mundo a diversidade do Brasil, como um país continental, mas ainda assim unido em uma tradição com especificidades regionais.

12. Santos Dumont: o pai da aviação

Enquanto os EUA atribuem a invenção do avião aos irmãos Wright, o Brasil reconhece Alberto Santos Dumont como o verdadeiro pioneiro da aviação. Em 1906, seu voo com o 14-Bis foi o primeiro oficialmente registrado e realizado diante do público, em Paris, com reconhecimento internacional.

Mais do que uma disputa técnica, a figura de Dumont simboliza o orgulho brasileiro na ciência e na inovação. Ele representa um país que, mesmo longe dos grandes centros industriais da época, teve papel decisivo em um dos avanços mais importantes da história moderna.