Por que a McLaren está questionando a troca de motor de Verstappen
(UOL/FOLHAPRESS) – A Red Bull aproveitou que Max Verstappen teve uma classificação ruim no Brasil para trocar a unidade de potência do carro do holandês. E isso está sendo questionado pela McLaren, que busca um esclarecimento da regra para decidir se faz o mesmo com seus pilotos.
Perguntado pelo UOL sobre a troca da Red Bull, que ajudou Verstappen a conquistar o pódio do GP de São Paulo mesmo saindo dos boxes, o chefe da McLaren, Andrea Stella, disse que a equipe entende que o valor do motor novo deveria ser incluído na conta do teto orçamentário da Red Bull.
Para ser honesto, esse tipo de alteração na unidade de potência é um desafio em termos de regulamento. Gostaria de entender se o custo desse motor agora entra no teto de custos ou não. Se o motor foi trocado por motivos de performance, ele deve entrar no teto de custos. Então vamos ver se é esse o caso, não que eu consiga ver, já que tudo depende da Red Bull. Mas esse também é um dos motivos pelos quais não faríamos isso, porque acabaria entrando no teto de custos.Andrea Stella, chefe da McLaren
Há três mensagens na resposta de Stella. Primeiro, esse entendimento de que uma troca de motor quando não há uma quebra deveria contar no teto. Levando em consideração os valores que constam no regulamento do ano que vem, o valor ficaria em cerca de 2 milhões de dólares.
O regulamento não especifica se motores que vão além da cota de quatro por piloto entram na conta. Mas tudo o que representa ganho de performance tem que ser computado.
A fala de Stella também revela que essa compreensão da McLaren de que uma troca por performance entraria na conta do teto é um fator importante para que eles não tenham feito isso com seus pilotos. Tanto Oscar Piastri quanto Lando Norris já estrearam os quatro motores há várias provas. Ainda que eles não precisem efetuar essa troca, ela ajudaria na performance.
Essa questão está sendo discutida entre as equipes. É possível que os engenheiros consigam demonstrar, por exemplo, que alguns componentes estariam próximos de quebrar.
DESCONFIANÇA COM A APLICAÇÃO DO TETO ORÇAMENTÁRIO
E tem uma terceira mensagem quando Stella diz “vamos ver se esse é o caso, não que eu consiga ver.”
Existe todo um clima de desconfiança a respeito do teto orçamentário atualmente no paddock. A declaração da FIA de que as contas de 2024 das equipes foram aprovadas – a não ser por um problema processual da Aston Martin – demorou mais que o normal, e houve vários rumores de que teriam havido problemas com as contas da Mercedes. Isso não foi confirmado.
As equipes enviam suas contas para a Federação Internacional de Automobilismo e têm que confiar que as demais também estão dentro do teto de gastos. Mesmo quando há problemas com as contas, os detalhes não costumam ser divulgados.
Isso acontece em um momento em que a própria FIA fala em acabar com o teto orçamentário por conta dos altos custos para policiá-lo. Esse controle, contudo, tem sido muito importante para a saúde financeira das equipes e também contribui para a competitividade do grid.



