Relatório: Cabo que “cedeu” provocou acidente com bondinho em Portugal
O Departamento de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) divulgou, neste sábado, um relatório preliminar sobre o acidente com o Elevador da Glória, ocorrido na última quarta-feira, 3 de setembro, que deixou 16 mortos e 22 feridos. Mas o que consta na nota informativa?
O documento confirma que “o cabo que unia as duas cabines” do Elevador da Glória “arrebentou em seu ponto de fixação dentro do trambolho da cabine nº 1” — a que iniciou a viagem no alto da Calçada da Glória — após “um estudo dos destroços no local”.
“O restante do cabo, a polia de inversão e as roldanas por onde ele se movimenta estavam lubrificados e sem anomalias aparentes. O cabo no trambolho superior da cabine nº 2 também se encontrava sem anomalias aparentes”, diz o relatório.
O documento também aponta que “o cabo utilizado é formado por seis cordões de 36 fios de aço com núcleo de fibra, com diâmetro nominal total de 32 milímetros (mm) e carga de ruptura aproximada de 68 toneladas, sendo este tipo de cabo usado nesse ascensor há cerca de seis anos”.
O cabo, segundo o relatório, tinha “vida útil de 600 dias” e estava “instalado havia 337 dias” — ou seja, ainda tinha “263 dias de vida útil até sua substituição”.
Plano de manutenção “em dia”
Sobre o plano de manutenção do Elevador da Glória, o documento informa que “estava em dia” e que, naquela manhã, foi realizada uma “inspeção visual programada”, sem que fosse detectada “qualquer anomalia no cabo ou nos sistemas de frenagem dos veículos”.
“O ascensor está sujeito a um plano de manutenção a ser cumprido pelo prestador de serviços, o qual prevê diferentes níveis de intervenção com periodicidades variadas, de acordo com o tipo e a extensão de cada intervenção”, acrescenta o relatório.
O GPIAAF também explica que “as evidências confirmam que o sistema de emergência existente na polia de inversão localizada no alto da Calçada da Glória, em caso de perda de força no cabo, cortou a energia das cabines como previsto, o que deveria resultar na aplicação imediata e automática do freio pneumático em cada uma delas”.
Impacto estimado em 60 km/h
O relatório estima que o impacto da cabine do Elevador da Glória contra um edifício, em Lisboa, ocorreu a “cerca de 60 km/h” e que todo o evento “durou menos de 50 segundos”.
Segundo o departamento, “por volta das 18h03, após os procedimentos normais de coordenação entre os respectivos guarda-freios, as cabines iniciaram a viagem”. Pouco depois de iniciarem o movimento e “quando não haviam percorrido mais de seis metros, as cabines perderam subitamente a força de equilíbrio garantida pelo cabo que as unia”.
“A cabine nº 2 recuou bruscamente, tendo seu movimento contido cerca de 10 metros depois, quando saiu parcialmente dos trilhos e o trambolho inferior se enterrou no final da vala do cabo”, detalha o relatório.
Já a “cabine nº 1, no alto da Calçada da Glória, prosseguiu sua descida, ganhando velocidade. Imediatamente, o guarda-freio acionou o freio pneumático e também o freio manual para tentar conter o movimento. Essas ações, no entanto, não surtiram efeito em reduzir a velocidade, e a cabine continuou acelerando pelo declive”, conclui a investigação.
Vale lembrar que o descarrilamento do Elevador da Glória aconteceu na última quarta-feira, 3 de setembro, causando 16 mortes e 22 feridos.
As nacionalidades das vítimas fatais já foram divulgadas, sendo cinco delas portuguesas.
O Elevador da Glória é operado pela Carris e liga a região dos Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, em um percurso de 276 metros, sendo bastante procurado por turistas.
O ascensor da Glória, classificado como monumento nacional, na configuração atual data de 1914, embora ao longo de seus 111 anos tenha passado por diversas intervenções de conservação e restauração, além da manutenção periódica prevista para cada período.
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