Riacho Fundo inicia restauração de área degradada
Projeto do Brasília Ambiental avança com semeadura nativa para recuperar 34 hectares no Parque Ecológico do Riacho Fundo
O Parque Ecológico do Riacho Fundo começou uma nova etapa de recuperação ambiental que promete transformar, nos próximos anos, uma área marcada pela degradação em um espaço de renovação do Cerrado. Depois de dois anos de preparo do solo e controle de espécies invasoras, o Instituto Brasília Ambiental deu início à fase de semeadura de plantas nativas, abrindo caminho para que o bioma recupere sua identidade original. A ação envolve cerca de 34 hectares e faz parte de um projeto financiado por compensação florestal, destinado exclusivamente à restauração de unidades de conservação.
Antes da semeadura, equipes removeram o capim exótico que dominava a área, fizeram aragem e gradagem para revitalizar o solo e construíram curvas de nível para evitar processos erosivos, um dos maiores desafios de regiões que já passaram por ocupação irregular ou queimadas constantes. Agora, com a introdução de espécies típicas do Cerrado, a expectativa é que o local volte a abrigar uma fauna diversificada e garantir maior proteção às nascentes que cortam o parque.
A iniciativa também mobiliza a comunidade que vive no entorno. Moradores relatam que a região sempre enfrentou problemas recorrentes com incêndios justamente por conta do mato alto e da vegetação não nativa, que facilita a propagação do fogo. A aposta é de que o plantio de espécies adequadas à dinâmica do Cerrado contribua para reduzir esses riscos e torne o ambiente mais equilibrado. Brigadistas da unidade reforçam que a presença de vegetação estruturada é fundamental para diminuir o impacto das temporadas de seca.
O Parque Ecológico do Riacho Fundo é uma das áreas ambientais mais importantes da região, com mais de 460 hectares que integram veredas, campos de murundus e espécies endêmicas. Entre elas está a Lobelia brasiliensis, encontrada apenas no Distrito Federal e símbolo da fragilidade do ecossistema local. A restauração, portanto, não é apenas um reparo territorial: representa a chance de fortalecer um patrimônio natural que resiste, mesmo diante do avanço urbano.
Além de técnicos e especialistas contratados, moradores também participam do processo. Para muitos deles, ver máquinas, sementes e profissionais atuando na área é um sinal de que o parque está sendo olhado com o cuidado que sempre mereceu. Pequenos empreendedores da região destacam que a preservação impacta diretamente a economia local, já que áreas verdes valorizadas atraem moradores, visitantes e novas oportunidades.
A restauração do parque reforça o compromisso do Distrito Federal com as políticas ambientais e com a qualidade de vida da população. Embora a recuperação completa leve tempo — como toda recomposição natural, cada etapa concluída indica que o bioma está ganhando fôlego novamente. E, num Distrito Federal que convive com seca prolongada, queimadas frequentes e pressão urbana crescente, ações como essa se tornam cada vez mais urgentes.


