Salvador terá primeira escola gratuita para formar forrozeiros

Publicado em: 08/07/2025 13:13

(FOLHAPRESS) – No coração do Pelourinho, território consagrado do samba-reggae e do axé, um sobrado enfeitado por fitas de São João se prepara para dar vez a outro ritmo. É ali, na Casa do Forró, sede da Associação Cultural Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia, que será inaugurada a primeira escola pública de forró tradicional, ou pé-de-serra, em Salvador.

A abertura está marcada para o dia 14 de julho, e a idealizadora da iniciativa é Marizete Nascimento, 77, contadora aposentada e uma das principais articuladoras do movimento forrozeiro na capital. “Esse forró de cara com cara, barriga com barriga está ameaçado de desaparecer, mas a gente tá de olho, fazendo ações para preservar essa cultura”, diz ela.

A escola vai oferecer aulas práticas de sanfona, zabumba, triângulo e pandeiro para 32 alunos, divididos entre turmas de acordeon e percussão. As aulas serão conduzidas por quatro professores, com foco na valorização do forró de raiz.

Já na turma inaugural, as vagas se esgotaram. Foram 16 para acordeon e 16 para percussão, preenchidas por pessoas de diferentes perfis, a maioria com mais de 40 anos. “Teve tanta gente interessada que a gente vai priorizar quem já tem alguma iniciação, quem tem instrumento e quer se aperfeiçoar”, explica. As aulas serão presenciais e acontecerão três vezes por semana.

Apesar da gratuidade, a associação estimula que os alunos se tornem sócios e contribuam com uma mensalidade simbólica de R$ 30, usada para ajudar na manutenção do espaço. “Tem gente que pergunta: posso ajudar de algum jeito? Pode. A gente se mantém com essa contribuição, mas menos de 15% dos associados paga. Então, tudo que posso, vou cobrindo com minha aposentadoria.”

Para se inscrever na escola, no entanto, não há exigência de pagamento nem de experiência musical prévia. “O requisito é só um: gostar de forró de verdade”, diz Marizete.

Contadora de formação e aposentada da Universidade Federal da Bahia, ela decidiu, em 2020, transferir a sede da associação para o Pelourinho, em busca de maior visibilidade para o forró tradicional. Com recursos próprios, alugou o imóvel, reformou o espaço e passou a receber músicos e apoiadores. “Comprei computador, impressora, cadeira, tudo. Eu já criei minhas filhas. Hoje, minha aposentadoria é para fazer o que eu quiser. E o que eu quero é isso aqui.”

A criação da escola foi viabilizada por uma emenda da deputada estadual Fátima Nunes (PT), também forrozeira e sertaneja. Os R$ 200 mil foram repassados via Secretaria Estadual de Cultura da Bahia e usados na compra de instrumentos, remuneração dos professores e contratação de pessoal para o funcionamento da sede. “Agora preciso de novos apoios. Não adianta plantar e depois não ter como manter.”

A Associação Asa Branca foi criada em 2007, em Simões Filho, por um grupo de forrozeiros que temia ver o ritmo perder espaço. Marizete assumiu a presidência em 2010 e nunca mais saiu. “No fundo, nem quero sair. Foi quando eu entrei que isso começou a andar. Agora estamos colhendo o que plantamos lá atrás.”

Natural de Quijingue, no sertão da Bahia, ela cresceu ouvindo forró no rádio e nos festejos da roça. “Não tinha luz, não tinha água encanada. A gente pegava água de tanque de cavalo. Mas tinha forró. Foi a primeira música que ouvi na vida – e me apaixonei.”

A militância de Marizete começou nos anos 1980, após o fim do casamento. Passou a frequentar o restaurante Uauá, em Itapuã, uma das poucas casas de forró em Salvador. “Naquela época, tinha gente que tinha vergonha de dizer que ia para o forró. Era resistência mesmo. Eu ia toda sexta e sábado. Quando alguém queria contratar um forrozinho, ligavam para lá e me indicavam. Aí não parei mais.”

Entre as conquistas que mais se orgulha estão o reconhecimento da associação como utilidade pública pela Assembleia Legislativa da Bahia e a certificação como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura. “Aqui não é só um lugar onde tem forró. Aqui é onde se pensa política pública para o forró. Onde a gente age para ele não morrer.”

Para Marizete, a escola é mais um passo nesse processo. “Estamos plantando uma semente. Já temos jovens tocando sanfona, percussão, mas antes era difícil. Quem aprendia ficava em casa, com a família, sem saber que podia ser profissional. Agora não. Agora a gente vai formar forrozeiro de verdade.”

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