Senadores cobram resposta firme do Brasil à taxação dos EUA

Publicado em: 10/07/2025 16:59

 A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras provocou forte reação no Senado Federal. Parlamentares de diferentes espectros políticos criticaram a medida, classificando-a como lesiva à soberania do país e carregada de motivações políticas. Os discursos evidenciaram tanto preocupação com os impactos comerciais quanto a polarização interna sobre a política externa do governo brasileiro.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que o estado do Espírito Santo será diretamente atingido pela nova tarifa, já que 34% das exportações capixabas têm os EUA como destino. Segundo ele, setores como ferro, aço, celulose, café e minérios estão entre os mais prejudicados. 

“Estão brincando com nossos empregos, com a renda das famílias e com o desenvolvimento do nosso estado”, disse. Para o parlamentar, a taxação representa uma ofensiva da extrema-direita internacional em apoio a Jair Bolsonaro. “É um desrespeito à nossa soberania. O Brasil não será refém das aspirações de golpistas.”

Na avaliação do senador Sergio Moro (União-PR), a sobretaxa é um erro estratégico dos Estados Unidos e deve ser combatida com diplomacia. Embora também tenha criticado a medida, Moro responsabilizou o presidente Lula por tensionar a relação bilateral. “Lula não ajuda com seu antiamericanismo infantil. Hora de deixar os diplomatas profissionais trabalharem”, afirmou.

Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) foi enfático ao afirmar que a decisão de Trump responde a pressões da família Bolsonaro. “O presidente norte-americano está confundindo a quem está se dirigindo. O Brasil não será o quintal do país de ninguém”, disse. Para o líder do governo no Senado, o país precisa reafirmar sua soberania. “Que fique claro: o Brasil é dos brasileiros e não de capachos.”

Entre os parlamentares da oposição, o senador Izalci Lucas (PL-DF) atribuiu a retaliação americana a decisões recentes do governo Lula, como o apoio à criação de uma moeda comum entre os Brics. “A medida é ruim inclusive para os próprios EUA. Infelizmente, o presidente Lula tem extrapolado e se alinhado a regimes ditatoriais, o que prejudica a imagem do Brasil no cenário internacional”, declarou.

Enquanto isso, a Comissão de Relações Exteriores do Senado articula uma missão parlamentar a Washington para buscar interlocução com o Congresso americano e tentar reverter a tarifa. O presidente do colegiado, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), defende uma resposta diplomática, equilibrada e institucional. A expectativa é que a delegação viaje em setembro, com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin.



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