
Soberano Opina | A opinião que se impõe
Por Cláudio Ulhoa
Tilápia na mira | O governo que briga até com peixe
Enquanto Lula posa de “pai dos pobres”, o governo empurra a tilápia para a ilegalidade prática e abre as portas para importações baratinhas do Vietnã, sufocando quem produz aqui
Por Cláudio Ulhoa
O governo que prometeu defender os pobres agora decidiu travar guerra até com o peixe que mais aparece no prato do brasileiro. A tilápia, responsável por 70% da produção aquícola do país e sustento de milhares de pequenos produtores, tornou-se o novo alvo da genialidade regulatória do Brasil. O plano? Classificá-la como espécie “exótica e invasora”, criando uma barreira ambiental capaz de transformar o licenciamento em um calvário de anos, como se o produtor rural tivesse tempo, dinheiro e paciência para enfrentar mais um labirinto burocrático.
A ironia, claro, não passa despercebida: enquanto o governo faz malabarismos para dificultar a produção nacional, chega ao país uma bela carga de tilápia importada do Vietnã pela JBS. Coincidência? O leitor do DF SOBERANO pode acreditar no que quiser, mas que fica estranho, fica. Parece até que o agro brasileiro é tratado como inimigo e a concorrência estrangeira como convidada especial.
Os especialistas alertam que o impacto pode ser devastador. Criar tilápia no Brasil levou décadas de pesquisa, investimento e persistência, até que o país alcançasse o posto de quarto maior produtor do mundo. Justo agora, quando o setor finalmente engrenou, o governo resolve jogar um balde congelado de água fria no tanque. E tudo isso enquanto países asiáticos produzem com custos baixíssimos, regras ambientais frouxas e legislação trabalhista inexistente, competindo com o produtor brasileiro que paga caro por tudo e ainda sofre com as pedaladas burocráticas federais.
Não é a primeira vez que o agronegócio vira vidraça. Há poucos meses, o setor do leite viveu o mesmo drama: importações liberadas, preços despencando e produtores à beira do colapso. O governo? Segue repetindo o mantra de que defende o pequeno, mas é difícil acreditar quando as políticas públicas empurram o brasileiro para importar o que sempre soube produzir com excelência.
Enquanto isso, lá fora, países como França e Alemanha protegem seus agricultores com unhas, dentes e subsídios. Aqui, o governo prefere posar de globalista elegante, sacrificando produtores que enfrentam custos altíssimos, logística precária e juros salgados. O discurso de defesa dos pobres, ao que tudo indica, não inclui aqueles que dependem do campo para sobreviver.
A verdade é que o Brasil tem um dos agronegócios mais fortes do planeta, mas também tem um governo disposto a testar até onde essa força aguenta apanhar. E quando um governo se orgulha de derrotar seu próprio produtor, resta ao país importar o peixe que poderia criar e assistir, perplexo, ao “pai dos pobres” tirar do prato justamente o alimento que o povo consegue pagar.


