Tragédia em Hong Kong | incêndio em torre residencial mata ao menos 13 pessoas

Publicado em: 26/11/2025 14:05

Fogo em complexo habitacional de Tai Po expõe fragilidades na segurança de prédios, entre os mortos, um bombeiro

Um incêndio de proporções devastadoras atingiu, na tarde de 26 de novembro de 2025, o complexo residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, em Hong Kong, transformando uma área densamente habitada em um cenário de caos, corrida por sobrevivência e questionamentos profundos sobre segurança urbana. O fogo começou por volta das 14h50, horário local, e se espalhou rapidamente pelos andaimes de bambu que envolviam as torres em processo de reforma — estrutura tradicional na cidade, mas altamente inflamável. Em poucos minutos, as chamas já avançavam por vários andares, consumindo fachadas inteiras e lançando fumaça espessa sobre a região.

O conjunto atingido possui cerca de oito torres residenciais, somando aproximadamente 2 mil apartamentos e abrigando perto de 4.800 moradores, o que tornou a operação de resgate ainda mais complexa. O alerta foi elevado para o nível máximo, mobilizando mais de 700 bombeiros, dezenas de ambulâncias e uma estrutura emergencial que tomou conta das ruas ao redor. A força das chamas, alimentada pelo clima seco e ventos fortes, dificultou o controle inicial e obrigou equipes a evacuar rapidamente centenas de famílias. Pelo menos 700 moradores foram levados para centros de abrigo temporários, enquanto muitos outros ainda buscavam notícias de parentes desaparecidos.

Até o fechamento desta matéria, as autoridades confirmaram ao menos 13 mortos, nove no local e quatro em hospitais, incluindo um bombeiro de 37 anos que perdeu a vida durante o combate às chamas. Há ainda dezenas de feridos, muitos em estado grave, e relatos de moradores presos em áreas superiores dos prédios no momento do incêndio. As equipes seguem atuando em busca de desaparecidos, enfrentando áreas instáveis, risco de desabamento de andaimes e pontos de calor remanescentes.

Moradores relataram cenas de pânico: pessoas gritando das janelas, fumaça tomando corredores, portas bloqueadas por calor extremo e uma sensação de impotência diante da rapidez com que o incêndio se espalhou. Imagens feitas por vizinhos mostram a estrutura externa colapsando enquanto o fogo avança por vários pavimentos. Para muitos, foi impossível sair a tempo.

A tragédia reacende um debate antigo em Hong Kong: o uso de andaimes de bambu em reformas de prédios altos. Embora essa técnica seja tradicional e amplamente utilizada, urbanistas e engenheiros já alertavam que, em obras de grande porte, o material representa riscos severos, especialmente quando associado a lonas plásticas e obras simultâneas em múltiplas torres. Havia, inclusive, um plano de substituição gradual por estruturas metálicas, mas a mudança avança lentamente, e não tinha chegado ao Wang Fuk Court.

Especialistas apontam que o incêndio é o mais grave desde o desastre do Garley Building, em 1996, que matou 41 pessoas. Para uma cidade moderna, densamente verticalizada e com forte dependência de habitações compactas, o episódio expõe vulnerabilidades que vão muito além da infraestrutura física. Toca em temas como desigualdade habitacional, fiscalização falha, gestão de riscos e a necessidade urgente de revisar normas de segurança em reformas residenciais.

Entre dor, perdas materiais e incerteza, a comunidade de Tai Po enfrenta agora um longo processo de reconstrução, física e emocional. Enquanto isso, autoridades prometem investigações amplas e revisão imediata de protocolos de construção, tentando responder a uma população que exige explicações e medidas concretas para que tragédias como esta não voltem a ocorrer.

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